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Centralização e descentralização: Facebook, Twitter e a censura

17 fev 2020, 8:30 - atualizado em 17 fev 2020, 8:30
Facebook está sob pressão, pois críticos sugerem que a rede não faz muito para banir as contas falsas e vigiar a desinformação (Imagem: Unsplash/@jackdemore)

O debate sobre liberdade de expressão e censura na internet se intensificou, então as plataformas de redes sociais estão buscando por diferentes formas de preservar a liberdade de expressão sem irritar usuários e reguladores.

Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, aumentou a aposta sobre a abordagem de sua rede social à censura durante um comunicado este mês, em que ele argumentou que não quer que a plataforma seja usada para “danificar a sociedade”, mas que, a certo ponto, é necessária para lutar pela liberdade de expressão.

Já que agentes russos usaram a plataforma para interferir na eleição dos EUA em 2016, Facebook está sob pressão, pois críticos sugerem que a rede não faz muito para banir as contas falsas e vigiar a desinformação.

No discurso, Zuckerberg sugeriu que estava ficando muito difícil pôr limites no que é discurso de ódio:

“Cada vez mais, querem que censuremos diversos tipos de conteúdo que me deixam muito desconfortável”, afirmou ele em seu discurso em Utah. “Parece que a lista de coisas que não se pode dizer socialmente continua crescendo… E eu não concordo com isso.”

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O CEO do Facebook sempre foi alvo de críticas pelas inúmeras vezes em que houve vazamento de dados de seus usuários para outras empresas (Imagem: Unsplash/@janniespratt)

Censura vs. resistência à censura

A abordagem de Zuckerberg em proteger a liberdade de expressão no Facebook — parecida com sua abordagem em criar uma criptomoeda com Libra — depende da centralização, contrastando demais com os planos de Jack Dorsey para a rede social adversária, Twitter.

Atualmente, Facebook diz usar inteligência artificial para impor “padrões de comunidade”, que incluem regras contra nudez, terrorismo e discurso de ódio. Isso levou a críticas por falta de transparência, proibição discriminada e moderação arbitrária.

Enquanto isso, Jack Dorsey, CEO do Twitter, mostrou fidelidade à descentralização ao apoiar bitcoin, e Dorsey está tomando uma abordagem diferente para definir “discurso aceitável”.

Inspirado por uma proposta de Mike Masnick, fundador de Techdirt, que há tempos promove o padrão de “protocolos, não plataformas” para a internet, Dorsey está financiando o desenvolvimento de um projeto de rede social descentralizada baseada em protocolo: BlueSky.

Ainda não se sabe se a descentralização da rede social poderia tornar mais fácil ou não a imposição de restrições contra discurso de ódio, mas a abordagem baseada em protocolo poderia, pelo menos, remover os representantes centralizados da linha de fogo dos usuários insatisfeitos.

Conforme Zuckerberg resumiu à plateia em Utah, é provável que qualquer coisa que ele faça para restringir o discurso de ódio e proteger a liberdade de expressão vai “irritar muitas pessoas”.