Centeno, do BCE, vê algum acúmulo de tensões inflacionárias
O formulador de políticas do Banco Central Europeu Mario Centeno alertou nesta segunda-feira que, embora o ritmo de aumento das taxas de juros para combater a inflação tenha sido alto, há fatores que apontam para um aumento das tensões inflacionárias.
“Não é tanto o nível das taxas de juros que está alto, mas sim a velocidade da alta”, disse ele em um evento em Lisboa.
Centeno disse que existe o risco de os preços dos produtos finais, que subiram acentuadamente com o aumento dos preços das matérias-primas e dos produtos agrícolas, se manterem elevados mesmo que esses últimos tenham recuado recentemente.
“Não é possível continuar sustentando os mesmos preços (dos produtos finais) com essa realidade porque isso é quando os preços se tornam persistentes”, disse ele, pedindo às empresas que evitem “efeitos da espiral de preços-salários de segunda ordem” e o alargamento das margens brutas.
A inflação na zona do euro recuou para 8,5% em fevereiro ante 8,6% no mês anterior, mas o núcleo da inflação, que exclui os preços voláteis de alimentos e combustíveis, acelerou para 5,6% ante 5,3%, indicando que os aumentos anteriores dos preços de energia se infiltraram na economia em geral.
Apesar dos apelos de alguns investidores para conter o aperto da política monetária até que a turbulência no setor bancário diminua, o BCE elevou sua taxa de refinanciamento em 0,50 ponto percentual para 3,50% na quinta-feira, deixando a porta aberta para futuras altas, já que prevê que a inflação permanecerá acima sua meta de 2% até 2025.