Centauro dá a largada na Bolsa com ações instáveis; Vale a pena correr atrás?
As ações da Centauro (CNTO3) estrearam nesta quarta-feira (17) em queda de 2,4%, a R$ 12,20, muito próximo do piso do intervalo sugerido no IPO (entre R$ 12,10 e R$ 14,70) após terem sido precificadas a R$ 12,50. A varejista de artigos esportivos captou R$ 772,210 milhões com a venda de 61,776 milhões de ações. Foram exercidos os lotes inicial (53,719 milhões) e suplementar (8,057 milhões).
“Este é o início, um novo patamar, um novo nível que a empresa atinge. Estou absolutamente tranquilo e passo uma mensagem para os nossos investidores de que essa empresa foi feita e sempre será feita baseada em três pilares: trabalho, ética e perseverança”, disse Sebastião Bomfim, fundador da empresa e presidente do Conselho de Administração, durante a cerimônia de início realizada na B3 (B3Sa3). Veja o vídeo acima.
A operação da empresa foi a primeira do ano na Bolsa brasileira e atraiu muito os holofotes do mercado.
Apesar da grande demanda, o preço sugerido pelos bancos coordenadores da oferta (Bradesco BBI (líder), Itaú BBA, BTG Pactual, Goldman Sachs, BB Investimentos e Credit Suisse) foi entendido como elevado para três de quatro equipes de análise consultadas pelo Money Times realizado na semana passada (Levante, Eleven, Empiricus e Inversa).
Para a Inversa Publicações, que não indicou os papéis, esta queda inicial ainda não pode ser entendida como uma oportunidade, que é vista como “tese de reestruturação”.
A ideia da Centauro é utilizar o recurso captado para: abrir e ou reformar novas lojas já dentro do novo conceito (G5, nome dado pela empresa para esta nova fase), que apresentaria elevada rentabilidade versus lojas mais antigas. O outro destino do capital levantado é a quitação de dívidas atuais, mais caras, para aproveitar o momento de juro baixo histórico no Brasil.
“Como destacamos em nosso estudo, antes da abertura de capital da companhia, ainda que os dados operacionais indiquem uma consistente melhora ao longo dos anos, isso ainda não têm sido convertido em rentabilidade para os acionistas, o que fica bastante claro quando retiramos todos os efeitos não recorrentes do lucro reportado nos últimos dois anos”, aponta Felipe Paletta, que faz parte do time da Inversa Publicações.
Ele calcula que ao negociar a 10 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda e a 18 vezes o lucro de 2018, a ação não parece barata na comparação com os principais players de varejo no Brasil, assim como as companhias listadas nos EUA que atuam exatamente no mesmo segmento. Isso tendo em vista que seria esperado um desconto “razoável” em função deste momento de incertezas.
Oferta
Segundo os dados publicados no site da CVM nesta segunda-feira (15), a operação movimentou R$ 772,210 milhões com a venda de 61,776 milhões de ações. Foram exercidos os lotes inicial (53,719 milhões) e suplementar (8,057 milhões).
Do valor total arrecadado, R$ 41,7 milhões serão pagos em comissões e impostos (5,4%). Com isso, o valor líquido ficou em R$ 730 milhões.
A rede de varejo esportivo pretende utilizar os recursos captados para capital de giro (10%), abertura de novas unidades (30%), amortização de dívidas (51%) e outros (9%).
Os bancos Bradesco BBI (líder), Itaú BBA, BTG Pactual, Goldman Sachs, BB Investimentos e Credit Suisse coordenaram a oferta.