Cenário para a gestora Franklin Templeton na Argentina fica cada vez pior
A decisão da Argentina de adiar um pagamento de títulos locais de US$ 1,4 bilhão nesta semana dificilmente terá causado grande impacto no amplo universo de investimentos globais.
A maioria de fora viu a medida como uma demonstração à parte do drama real em torno do default iminente de bilhões de dólares em títulos estrangeiros do país.
A história é um pouco diferente para a Franklin Templeton e para o famoso gestor Michael Hasenstab. A empresa possuía cerca de 25% desses títulos em dezembro, segundo dados compilados pela Bloomberg.
É apenas o mais novo contratempo da incursão de Hasenstab na segunda maior economia da América do Sul, onde apostas de peso ajudaram a colocar seu fundo Templeton Global Bond, com US$ 26 bilhões em ativos, entre os com pior desempenho na categoria no ano passado, devido ao colapso dos preços dos títulos argentinos.
Os fundos da Franklin Templeton possuem títulos argentinos com valor de face de pelo menos US$ 4,3 bilhões, de acordo com os últimos registros compilados pela Bloomberg.
Há sinais de que as coisas podem piorar em breve. Na quarta-feira, o ministro da Economia, Martin Guzmán, disse a investidores que se preparassem para uma dolorosa reestruturação da dívida, pois o governo tenta colocar as finanças de volta nos trilhos depois de uma grave crise cambial e profunda recessão.
Guzmán disse que aqueles que esperam termos amistosos estão equivocados – o que empurrou os títulos de referência para 45 centavos de dólar – e que as autoridades não permitirão que “empresas de investimento estrangeiras definam as diretrizes da política macroeconômica”.
“É necessário ter uma profunda reestruturação da dívida”, disse em audiência no congresso. “Está claro que haverá frustração por parte dos detentores de títulos.”
O fundo Templeton Global Bond, de Hasenstab, registrou perdas de 3% no ano passado, um desempenho pior do que 88% dos pares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Embora o fundo global tenha várias apostas grandes na Argentina, o país respondeu por apenas 1,4% da carteira, segundo dados mais recentes sobre as posições.
O desempenho também foi prejudicado por uma aposta equivocada de que os Treasuries sofreriam uma forte queda.
No fundo Templeton Emerging Markets Bond, com US$ 9,5 bilhões em ativos e que ficou aquém de 98% de seus pares no ano passado, a Argentina representa 5,6% do total de participações.
A Franklin Templeton não quis comentar sobre os investimentos da empresa na Argentina ou sobre o desempenho de seus fundos.