Cenário está duplamente desafiador para investidor brasileiro, vê gestora de ex-BC
Além de lidar com as questões externas, como os juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos, o investidor também terá que enfrentar o cenário também nebuloso aqui no Brasil, destaca a Rio Bravo, do ex-BC Gustavo Franco.
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Em documento obtido com exclusividade pelo Money Times e assinado por Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado, e Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, a gestora destaca que o cenário se tornou mais complicado.
“A desconfiança fiscal cresceu, com a mudança das metas de inflação no PLDO de 2025, a região Sul do país foi acometida por uma tragédia climática e até o Banco Central tem sido alvo de ruídos políticos”, explicam.
Para os economistas, apesar da quebra da sinalização prévia de um corte de 50 bps já estar precificada, o corte de 25 bps na última reunião Copom trouxe volatilidade.
Eles compartilham da visão de que a incerteza dos cenários externo e doméstico havia aumentado e de que, por isso, diminuir o ritmo de corte era válido. O incômodo, porém, veio em virtude da divergência nos votos dos membros do comitê.
“Os quatro membros que votaram por um corte de 50bps foram todos indicados pelo presidente Lula, o que gerou uma percepção de que a composição da diretoria em 2025 poderá ser mais dovish do que o atual”, colocam,
Apesar disso, a dupla destaca que a ata publicada na semana seguinte esclareceu a divergência entre os diretores.
O texto alega que os membros do Comitê que votaram pela redução de 50 bps também compartilhavam da mesma percepção de que o cenário estava mais adverso e que para frente o grau de liberdade da política monetária deveria ser elevado, sem que o BC dessas novas sinalizações.
“O restante do texto seguiu trazendo uma percepção bastante adversa para a convergência da inflação para a meta do BC no horizonte relevante para a política monetária. Há destaque para a piora das expectativas de inflação para 2025 registradas pelo Focus”, explicam.
Ponto de atenção para o próximo presidente do BC
Mesmo com a tentativa de explicação na ata, a divergência dá mais relevância ainda para a indicação do próximo presidente do BC, enfatizam. O mandato de Roberto Campos Neto termina em dezembro e o presidente Lula, enfim, poderá indicar o seu presidente.
“A expectativa é de que o novo indicado ao cargo retome uma condução da empresa mais parecida com a observada nos governos anteriores do PT”, explicam.
Mesmo com todo o cenário pessimista, Buccini e Mercadante observam que na seara dos dados econômicos, as divulgações recentes permanecem positivas.
“A inflação continuou desacelerando inclusive nas medidas subjacentes. O núcleo de maior preocupação, serviços, dada a sua persistência, também tem mostrado desaceleração, ainda que não tenha atingido um patamar condizente com os objetivos do Banco Central. Nesse último mês, o indicador de serviços publicado no IPCA saiu de 5,09% para 4,60%”, completam.