Cemig: queda de juro permitiu redução de R$ 500 mi em carregamento da dívida
A queda da taxa básica de juros para o País desde outubro de 2016, de 14% para os 10,25% definidos na quarta-feira, 31, pelo Copom permitiu que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) reduzisse em cerca de R$ 500 milhões o custo de carregamento da dívida, afirmou nesta quinta-feira, 1, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da financeiro da companhia, Adézio de Almeida Lima, que explicou que a cada um ponto porcentual a companhia reduz em aproximadamente de R$ 125 milhões o serviço da dívida.
De acordo com ele, a queda da taxa de juros ajuda a melhora da perspectiva futura da companhia, que enfrenta um enorme desafio para rolar cerca de R$ 10 bilhões em dívida que vencem até dezembro de 2018. Ainda do ponto de vista macroeconômico, o executivo lembra da possibilidade de retomada do crescimento, que seria positiva seja do ponto de vista do aumento da demanda por indústrias, comércio e residências, seja do ponto de vista de redução da inadimplência.
“O cenário macroeconômico até quarta passada era benigno, não sei se continuará, mas temos expectativa que sim”, disse. Já do ponto de vista operacional da companhia, Lima lembrou que a companhia está focada na redução dos custos operacionais e na melhora da eficiência, e destacou a redução de 20% do quadro de pessoal, por meio dos últimos programas de desligamento voluntário.
Carências
A situação de liquidez “desafiadora” da Cemig frente suas obrigações de curto prazo fizeram a companhia buscar um reperfilamento de suas dívidas junto aos credores, buscando junto aos bancos comerciais uma carência de três anos para o pagamento de suas obrigações e um prazo de cinco ano para a amortização. Conforme salientou Lima, a negociação é restrita a bancos, e não inclui dívida da estatal mineira de mercado de capitais.
O diretor comentou que a proposta foi bem recebida pelos bancos, o que trouxe otimismo para a companhia. Ele salientou que dentre as premissas de renegociação da dívida estão a preservação da liquidez da companhia e uma negociação que não implique perdas para os credores. “Não queremos redução de principal, queremos pagar o que devemos”, disse, acrescentando, porém a necessidade de que os pagamentos sejam postergados para após 2020.
Ele comentou também que a companhia não tem mais garantias a fornecer, por isso o reperfilamento prevê que os bancos mantenham as garantias que já possuem. A Cemig encerrou 2016 com um caixa de R$ 2,009 bilhões, mas anotava um dívida de curto prazo (para 2017) de R$ 4,837 bilhões, sem considerar a opção de compra (PUT) referente à Light, que representa uma saída de caixa adicional de R$ 1,6 bilhão.
Além disso, a companhia anotava vencimentos de R$ 3,88 bilhões para 2018. Lima salientou que não houve crescimento da dívida no último trimestre, quando a companhia gerou um caixa, pelas operações, de R$ 528 milhões. “A companhia tem capacidade de pagamento, mas não para pagar divida de curto prazo”, comentou. Além disso, como parte de sua reestruturação, a companhia planeja uma emissão de um bond de sete anos.
A empresa chegou a ir para rua com a operação, mas conforme explicou Lima, os investidores consideraram pouco tempo para analisar a documentação, tendo em vista também o desconhecimento do mercado internacional sobre a companhia, que não ia ao exterior há 22 anos.
“Devemos voltar ao mercado no final de junho ou após 4 de julho”, disse. Também para contribuir com a redução do endividamento, a Cemig tem como estratégia realizar o pagamento da PUT na Light em dois ou três meses. “A estratégia é de liquidar a PUT em 2 ou 3 meses, ou pelo menos deixar apenas um valor residual”, comentou Lima. Ainda segundo ele, serão pagos inicialmente R$ 378 milhões.