Cemig compensa falta de chuvas vendendo gás e tem resultados fortes no 2º trimestre
A Cemig (CMIG4) deu de ombros para a crise hídrica que assola o Brasil e lucrou forte no segundo trimestre. Entre abril e julho, a estatal apurou lucro de R$ 1,94 bilhão, alta de 80% ante mesmo período do ano passado.
A cifra foi puxada por um salto de 112,7% no Ebitda, que mede o resultado operacional, da Cemig GT, para R$ 1,7 bilhão, diante de fatores como um reconhecimento de 910 milhões de reais pelo ressarcimento do risco hidrológico (GSF).
“Acreditamos que a Cemig deva atravessar a crise hídrica com poucas dificuldades, visto que a maior parte do seu resultado é proveniente do segmento de distribuição”, aponta o analista Luis Sales, da Guide Investimentos.
Além disso, ele lembra que a Gasmig teve um forte crescimento nas vendas de gás, em função do despacho de térmicas e do segmento industrial em recuperação. Ao todo, o volume de gás comercializado aumentou 86% ante o ano passado.
O Itaú BBA acrescenta que a Cemig parece estar em uma situação relativamente confortável em termos de risco do GSF em comparação com a maioria das empresas do setor, dado o elevado volume de não contratados para 2021.
As vendas de energia da Cemig atingiram 13.352 gigawatts-hora (GWh) no trimestre até junho, avanço de 4,2% no ano a ano, enquanto a receita líquida da empresa somou 7,35 bilhões de reais no período, aumento de 33,7%.
A empresa também disse possuir uma “sólida posição de caixa”, que fechou o trimestre em 7 bilhões de reais, variação positiva de 20,5% na comparação anual.
O BBA também destacou a venda da Taesa (TAEE11), que segundo a corretora, já está de volta aos trilhos, mas a data do leilão ainda não foi definida.
Risco-benefício
Segundo a Guide, por ser uma estatal, a empresa possui alguns riscos em que o investidor precisa acompanhar, como inerente risco regulatório do setor elétrico, interferências políticas e potenciais consequências negativas relacionadas a CPI da Cemig, que apura possíveis fraudes em contratações sem licitação.
“Em todo caso, seguimos com visão positiva para a companhia, que segue passando por um processo de melhoria operacional, com venda de ativos e foco dos investimentos no Estado de Minas Gerais”, completa.
O Safra reafirmou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 13,8.
“Vemos as iniciativas de custos, redução e alienação de ativos não essenciais como uma agenda positiva. No geral, a Cemig tem bom ponto de entrada”, conclui.
Já a XP reiterou a recomendação neutra. Segundo a corretora, apesar dos números terem vindo acima das expectativas, as cifras ainda ficaram abaixo do consenso de mercado. O preço alvo é de R$ 12.