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Celulose: Mercado parece ignorar ações, mesmo com disparada de preços; ‘Compre Suzano (SUZB3)’, indica BBI

06 jun 2022, 17:58 - atualizado em 06 jun 2022, 17:58
Suzano Papel e Celulose
Ações do setor de papel e celulose não acompanharam a grande elevação da commodity no ano (Imagem: Facebook/Suzano)

Os preços da celulose acumulam uma alta significativa em 2022, mas ainda têm fôlego para seguir em patamares similares até 2023, avalia o Bradesco BBI.

O mercado não parece trabalhar com essa perspectiva, visto que as ações não acompanharam a grande elevação da commodity no ano. O BBI destaca que, enquanto os preços da celulose de fibra curta acumulam um aumento de 45%, as ações do setor subiram apenas 3% em dólares.

“As ações parecem precificar uma correção significativa nos preços já no segundo semestre do ano (até o custo marginal da indústria ao redor de US$ 550/tonelada) e permanecendo nesse nível depois disso. No entanto, acreditamos que o mercado de celulose permanecerá bastante saudável até 2023”, comentam os analistas Thiago Lofiego, do BBI, e Renato Chanes, da Ágora Investimentos, em relatório divulgado nesta segunda-feira (6).

A visão cada vez mais “fora do consenso” da instituição é baseada em três fatores:

  1. oferta reduzida (atrasos em projetos na América do Norte, desligamentos de capacidade na América do Norte, restrições contínuas à produção, incluindo fornecimento da Rússia);
  2. reabastecimento de estoque ao consumidor (após a desestocagem de quase 1,8 milhão de toneladas desde o fim de 2020); e
  3. implementação gradual do aumento do preço do papel, à medida que a atividade aumenta na China.

“Verificações de canal indicam que os preços do tissue subiram 900-1.000 yuans/tonelada na China nas últimas semanas e esperamos que as outras modalidades experimentem o mesmo”, ressaltam os analistas sobre o último fator.

Celulose acima de US$ 700 em 2023

Considerando que as condições de oferta e demanda continuarão saudáveis em 2023, o BBI acredita que existe pouco espaço para uma correção substancial dos preços da celulose.

“Os preços serão corrigidos em algum momento, especialmente com a redução dos gargalos logísticos, mas achamos que a correção será leve (US$ 100-150/tonelada) e gradual”, avaliam os analistas.

O BBI trabalha com um cenário de US$ 775 e US$ 730/tonelada para a celulose de fibra curta em 2022 e 2023, respectivamente, contra expectativa de preços a US$ 700 e US$ 600 do consenso.

A manutenção dos preços elevados da celulose deve resultar em maiores lucros nos próximos trimestres. Dentro do setor, o BBI tem a Suzano (SUZB3) como nome favorito, com recomendação de compra e novo preço-alvo de R$ 80 (vs. R$ 90 anteriormente).

O corte no preço-alvo reflete um real mais forte e o aumento nos custos, que serão parcialmente compensados pelos preços elevados da celulose.

Considerando a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 23,4 bilhões para 2023, a ação está descontada, destaca o BBI. Ela é negociada a 5,1 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda), desvio padrão abaixo do múltiplo histórico médio de aproximadamente 7,5 vezes.

Para Klabin (KLBN11), apesar de não ser a principal escolha dos analistas, a recomendação também é de compra, com preço-alvo de R$ 37.

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