CCR fecha em queda de 2,25% após apresentar lucro menor no 3º trimestre
As ações da CCR (CCRO3) fecharam em queda nesta terça-feira (29). A avaliação negativa dos investidores sobre a concessionária de rodovias é devido à apresentação de um lucro líquido no terceiro trimestre do ano menor que o obtido no mesmo período do ano passado, além de estar abaixo do consenso do mercado.
Com isso, os papéis da companhia caíram 2,25%, negociados a R$ 16,51.
Resultado da empresa
A administradora de concessões de infraestrutura anunciou nesta segunda-feira (28) que teve lucro líquido de 340,2 milhões de reais no período, queda de 6,9% ante mesma etapa de 2018. O número veio abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de 445,1 milhões de reais.
Segundo a CCR, a queda refletiu sobretudo o efeito não recorrente decorrente de uma baixa de 30,8 milhões referentes a impostos diferidos sobre diferenças temporárias ativas em razão de análise de recuperabilidade da MSVia.
O resultado operacional da CCR medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou 1,53 bilhão de reais, aumento de 21,4% ano a ano. A margem Ebitda subiu 3,2 pontos percentuais, para 63,4%.
Essa evolução refletiu o crescimento de 15,3% da receita líquida, para 2,41 bilhões de reais. De julho a setembro, o tráfego consolidado cresceu 6%, influenciando pelo início das operações da ViaSul. Usando bases comparáveis, o crescimento foi de 2%.
De todo modo, o Ebitda também foi menor do que a previsão média dos analistas da Refinitiv, de 1,63 bilhão de reais.
Segundo o diretor de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto, os resultados do terceiro trimestre já eliminam os efeitos não recorrentes derivados da greve dos caminhoneiros, em maio do ano passado, que prejudicaram fortemente a atividade econômica do país.
De acordo com o relatório de resultados, a isenção da cobrança de eixos suspensos dos caminhões vazios, uma das consequências da greve, representaram perda de receita de pedágio de cerca de 88,1 milhões de reais no trimestre e de 392,1 milhões de reais desde o início das isenções.
A decisão, que impacta as concessionárias de rodovias, é passível de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Segundo Piotto, as conversas a respeito estão em andamento, mas ainda não há previsão para a aplicação desse ajuste.
Ainda segundo Piotto, a CCR deve fechar 2019 com investimentos totais de 1,7 bilhão de reais, ante previsão inicial de 2,2 bilhões de reais para o período
Avaliação
Para a Mirae Asset, o resultado foi bom, sólido e as perspectivas para a empresa e para o setor são favoráveis devido à expectativa de aceleração da recuperação da economia interna para 2020. A perspectiva de melhora do PIB deve, consequentemente, elevar o tráfego nas rodovias. Segue também no radar as privatizações e concessões de rodovias em estudos pelos governos federal e estaduais.
Mesmo assim, a corretora tem recomendação neutra para o papel, com preço-justo a R$ 15,66, 7,3% menor em relação ao fechamento da sessão de segunda-feira.
Para o BB-BI, o resultado também veio positivo, com o tráfego vindo acima das estimativas do banco. Na visão do banco, a diversificação de ativos da concessionário se mostrou um modelo de negócio resilientes.
Mesmo assim, o BB-BI também tem recomendação neutra a R$ 14,00 por falta de gatilho para valorização da ação.
Já o BTG avaliou os resultados operacionais como “sólidos” no 3º trimestre, em linha com o esperado pela equipe de analistas. O banco, diferentemente das duas análises acima, mantém a recomendação de compra, com preço alvo de R$ 18,00, upside de 8%, mas vê riscos de execução do extenso pipeline de projetos.