CBA (CBAV3) no prejuízo: Analistas ficam divididos com ação que tomba 56% no ano; entenda
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA – CBAV3) cai nesta terça-feira (8), após entregar números do segundo trimestre do ano fracos, como esperado por analistas.
Entre abril e junho, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 50 milhões, revertendo o lucro de mais de R$ 500 milhões do mesmo período de 2022.
O tombo do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado chamou a atenção. A linha recuou quase 90% no comparativo anual, a R$ 74 milhões, refletindo a forte baixa no segmento de alumínio, que foi prejudicado pela correção nos preços da commodity, destaca o Itaú BBA, em relatório. O aumento de custos também pressionou.
Como consequência, a alavancagem subiu de 1,9 vez no primeiro trimestre para 3,9 vezes no segundo trimestre, também sob efeito de uma geração de caixa negativa, levanta a instituição.
“A geração de fluxo de caixa livre veio negativa em R$ 419 milhões no segundo trimestre de 2023 (vs. -R$ 627 milhões no primeiro trimestre de 2023), devido a resultados operacionais fracos, um aumento de capital de giro de R$ 239 milhões e implementação de capex de R$ 281 milhões (vs. R$ 277 milhões no primeiro trimestre de 2023), parcialmente mitigados por R$ 87 milhões em dividendos recebidos pela Enercan e a negociação de direitos e obrigações previstos no acordo de acionistas da MRN”, afirma o BBA.
O BBA tem recomendação de market perform (desempenho esperado em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 9 para a ação.
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Enquanto isso, a XP Investimentos tem recomendação de compra. Embora as perspectivas de curto prazo devem permanecer pressionadas pro conta do alumínio, a corretora continua vendo valor de longo prazo na tese.
Para o Bradesco BBI, os preços realizados devem continuar comprimindo nos próximos trimestres. Em paralelo, o real tem se valorizado, “implicando em um momento de resultados ainda desafiador à frente”.
O BBI mantém visão cautelosa para a CBA, com recomendação de venda para as ações e preço-alvo de R$ 4,50. No acumulado do ano, os papéis perdem perto de 56%.
“A ação é negociada a 6,6x o múltiplo EV/EBITDA esperado para 2024, em torno de níveis justos para este ponto do ciclo”, destacam os analistas Thiago Lofiego e Renato Chanes, em relatório da Ágora Investimentos.
Medidas para enfrentar cenário desafiador
Ao Money Times, a empresa se manifestou dizendo que vem adotando uma série de medidas para enfrentar o período desafiador do mercado de alumínio.
Segundo a CBA, a companhia vem intensificando seu processo de melhoria de gestão.
De acordo com a CBA, o cronograma dos projetos de expansão da companhia será alongado, com alteração da conclusão prevista de alguns projetos em 2025 para 2027, sendo as principais postergações o restart da Sala Forno 1 e a modernização de tecnologia das Salas Fornos. Enquanto isso, os investimentos em reciclagem e disposição de resíduos a seco seguem conforme previsto, com a inauguração de uma linha de tratamento de sucata para 2023.
“O ajuste no cronograma é em razão das iniciativas de readequação do cronograma dos projetos, que são plurianuais e possuem flexibilidade para serem revistos de acordo com a geração de caixa operacional e condições de mercado”, explicou.
Em abril, a CBA anunciou a venda da sua unidade de níquel para focar no alumínio e em reciclagem visando o crescimento e a preservação de sua competitividade.
“De fato, reciclagem é uma frente importante na CBA para fortalecer o posicionamento da CBA como produtora referência em alumínio de baixo carbono”, disse a empresa.
Com a reciclagem, a CBA conseguirá aumentar o volume de produção de alumínio com menor investimento comparado a plantas de alumínio primário.
“A reciclagem permite uma menor volatilidade de resultados, melhorando a relação risco/retorno do portfolio CBA, e tem uma forte geração de impacto social, por meio de parcerias ao longo da cadeia”, completou a produtora.
Matéria atualizada em 9 de agosto de 2023, às 9h54, para incluir o posicionamento da CBA.