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CBA (CBAV3): Como a ação aproveita a alta do alumínio e se protege contra a crise na Ucrânia?

02 mar 2022, 16:37 - atualizado em 02 mar 2022, 16:58

CBA IPO

A escalada das tensões na Ucrânia deu novo fôlego para o ciclo de alta das commodities. O petróleo, em especial, engata uma sequência de altas expressivas, tendo superado hoje os US$ 110 por barril conforme as relações entre países ocidentais (Estados Unidos e Reino Unido, principalmente), Rússia e Ucrânia ficam cada vez mais estremecidas.

Como o petróleo, os preços do alumínio já subiram bastante – 29,1% só em 2022 -, influenciados por preocupações quanto a menor produção e riscos de falta de oferta na cadeia global. Atualmente, a commodity é negociada por volta de US$ 3.600 a tonelada.

Na bolsa brasileira, a recém-listada CBA (CBAV3) é a ação que tem se beneficiado da alta dos preços do alumínio. Os papéis da companhia registram ganhos de quase 70% no acumulado do ano e, desde que a empresa abriu capital, em julho de 2021, dispararam 86,2%.

Segundo Luciano Alves, CFO da CBA, o bom desempenho pode ser parcialmente explicado pelos ruídos geopolíticos atuais, mas também reflete uma dinâmica deficitária do metal, na qual a produção é menor que a demanda, que vem acontecendo já há algum tempo.

Em entrevista ao Money Times, o executivo destaca que o alumínio saiu de um ciclo baixista atipicamente extenso para uma dinâmica de alta acelerada de preços – e não pela relação oferta-demanda natural de mercado, mas por um player.

“A China veio com alguns fechamentos de capacidade de produção de alumínio com o intuito de reduzir as emissões. É uma situação de estar com estoques decrescentes e déficit no mercado. Então, não está sobrando metal”, explica.

O que a guerra na Ucrânia pode fazer é agravar ainda mais o cenário de déficit do setor, afirma Alves.

“Por isso o mercado está atento ao que está acontecendo na Rússia. Alguma ruptura na cadeia de alumínio na Rússia pode acabar reverberando para todo o mercado”, diz.

Blindada

A guerra entre Rússia e Ucrânia acabou ajudando a jogar os preços do alumínio lá em cima. Isso porque a Rússia, além de ser uma das maiores fornecedoras de gás natural do mundo, responde por aproximadamente 6% da oferta global de alumínio.

A indústria começa a sentir os efeitos do conflito. A CBA, no entanto, vê pouco impacto direto para as operações.

O cenário segue a mesma explicação da crise energética na China e na Europa, que sentiram os efeitos do aumento de preços de energia.

“O que impactou na China e na Europa não nos impactou diretamente, porque não operamos nesses mercados”, explica Alves.

O CFO da CBA lembra que uma das maiores vantagens da companhia é a sua cadeia integrada.

As linhas de negócios da CBA contemplam desde o processo de extração da bauxita até a produção do alumínio líquido, que vira produto final.

Segundo Rob Correa, analista de investimentos e fundador da Hedgepoint, esse diferencial na cadeia de produção da CBA é o que acaba dando mais controle à companhia e uma margem de segurança maior em comparação a pares internacionais.

Além da produção integrada, Alves conta que a CBA tem procurado diversificar pontes de suprimentos de algumas matérias-primas importadas justamente para mitigar os riscos de se concentrar em um único país ou produtor.

Ciclo de alta: até onde pode ir?

Alumínio, Latas, Metal
Até quando vai durar a “tempestade perfeita” vivida pelo setor de alumínio? Eis a dúvida (Imagem: Pixabay/ziodanilo)

Na avaliação de Correa, os preços do alumínio vivem uma “tempestade perfeita”.

Porém, saber até quando essa tempestade vai durar é uma pergunta que nem mesmo quem acompanha de perto o mercado consegue responder.

“Enquanto estivermos com essa dinâmica de mercado [deficitária], você continua tendo uma situação favorável de preços. Mas até quando isso vai perdurar… É uma grande dúvida. A gente vai ter que ver”, diz o CFO da CBA.

Para escapar dos ciclos das commodities, que tendem a subir ou cair muito, Correa sugere equilibrar a carteira com setores mais “perenes”, como telecomunicações e bancos.

“Não é que a CBA é proibitiva, mas é preciso mesclar com empresas que não têm tantos ciclos”, afirma o analista. 

Considerando o “momento sólido” vivido pela indústria do alumínio, o Bradesco BBI e o BTG Pactual (BPAC11) têm recomendação de compra para a CBA.

Para o BTG, mesmo se as tensões na Ucrânia se acalmarem, a tese de longo prazo da companhia parece positiva. Além disso, analistas acreditam que, mesmo após o rali, os papéis estão baratos nos níveis atuais.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
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