Cautela nos mercados manterá volatilidade da soja na banda atual até fim do mês
Os espaços para as commodities encontrarem uma direção de tendência mais firme não mostram flexibilidade nos próximos tempos, embora as variáveis conjunturais indicam força futura. As oscilações, bruscas as vezes, devem continuar, com alguma certeza, até final do mês, e de impacto mais acentuado sobre a soja.
Nesta quarta (17), a commodity perde mais de 8,25 a 9 pontos nos vencimentos mais próximos, a US$ 14,15 (maio) e US$ 14,04 (julho), por volta das 13h35 (Brasília).
“Segue sendo assim há certo tempo, um dia subindo 15 a até 20 pontos, no outro devolvendo parte”, diz Marlos Correa, da InSoy Commodities, acreditando que a margem dos US$ 13,90 a US$ 14,50 deverá prosseguir.
No final de março o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publicará o relatório de intenção de plantio para a próxima safra, a ponto de começar a ser plantada, o que poderá gerar alguma mudança na volatidade de Chicago. No mês passado, foi projetado aumento de área para a soja e o milho.
O milho, por sua vez, tem o fator mais claro nos preços pela ausência de oferta no Brasil, agora, e a safrinha (plantio de inverno) com algum risco à produção. Ao mesmo tempo, a demanda da China sobre o grão americano parece satisfatória.
Sob essa cautela à espera do USDA, o trader da InSoy claramente aponta alguns outros pontos de análises feitos pelo mercado.
A safra brasileira de soja, apesar de apresentar dados gerais acima da anterior, carrega alguma incerteza em relação ao tamanho de alta até agora projetados, acima de 135 milhões de toneladas.
Na ponta compradora chinesa, entrou em cena, segundo Marlos Correa, a questão de novos focos de peste suína africana, acrescendo insegurança às compras por conta do risco de a demanda cair.
À parte fundamentos próprios da oleaginosa, a instabilidade dos mercados financeiros globais acaba entrando no jogo.
Hora mais animados em relação à contenção da Covid, hora o contrário – como se vê, inclusive, nos futuros do petróleo, em baixa há alguns dias -, acaba influindo na tomada de riscos pelos investidores.
A volatilidade do câmbio no Brasil, “que um dia vai a R$ 5,80, depois o real cai para R$ 5,30”, deixa os negociantes de freio de mão puxado, diz Correa. A própria China, maior comprador, fica mais ou menos nas compras, como se tem visto.
Os mercados aguardam, igualmente, os Federal Reserve, para decidir sobre a política monetária, e o Copom, nesta quarta, que deve elevar as taxas de juros, ambos com influência sobre a divisa americana,
Adriano Gomes, da AgRural, acentua essa gangorra do dólar no Brasil.
“A marca desde o início do ano tem sido de volatilidade para as commodities e o câmbio”, completa.