Castillo chega mais perto de vitória no Peru em eleição dividida
O socialista Pedro Castillo estava mantendo uma vantagem minúscula na eleição presidencial profundamente dividida do Peru nesta quarta-feira após o processamento de quase todos os votos, mas a diferença de meros 70 mil votos faz com que as cédulas contestadas ainda possam ser decisivas.
Castillo, filho de agricultores analfabetos que assusta a elite política da nação andina e tem apoio enorme entre os pobres do interior, tinha 50,2% dos votos com 99,8% das urnas apuradas, só 0,4% ponto percentual adiante da rival de direita Keiko Fujimori.
Mas a contagem é preliminar, porque cerca de 300 mil votos são questionados, o que exigirá uma análise mais atenta de uma comissão eleitoral –um processo que levará vários dias e pode mudar o resultado.
Keiko Fujimori diminuiu a desvantagem ligeiramente de madrugada, quando chegaram quase todos os votos do exterior, que favorecem a candidata conservadora, mas não o suficiente para conter a dianteira de Castillo, como ela torcia, o que faz dos votos contestados sua última chance em potencial.
“É improvável que a esta altura Fujimori ultrapasse Castillo”, opinou David Sulmont, professor de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Peru e ex-chefe de sua unidade de pesquisa eleitoral.
“É uma das eleições mais apertadas do país”, acrescentou. “A margem pode continuar variando, mas acho que Castillo será o vencedor.”
Uma vitória de Castillo, um professor que surpreendeu ao vencer o primeiro turno de abril, marcaria um grande avanço para a esquerda da América Latina em meio ao descontentamento crescente com a pobreza e a desigualdade, acentuadas pela pandemia de Covid-19.
Na noite de terça-feira, Castillo chegou perto de clamar a vitória. “Já temos a contagem oficial do partido, na qual o povo venceu esta luta”, disse ele aos apoiadores, fazendo referência a uma soma de votos extraoficial realizada por sua sigla, Peru Livre.
Keiko Fujimori mantém a esperança de sair vitoriosa e faz alegações de fraude sem comprovação, dizendo que apoiadores de Castillo tentaram roubar votos, algo negado pelo Peru Livre.
Especialistas e observadores eleitorais internacionais dizem que a eleição peruana foi limpa, mas as alegações de Keiko Fujimori podem desencadear dias de confusão e tensão em meio a uma votação polarizada que divide os peruanos.
Os cidadãos de renda mais alta apoiam a candidata de direita, e os de renda mais baixa endossam Castillo.