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‘Casos de recuperação judicial no agronegócio são estruturais e pedidos podem bater recorde de 2016’, vê especialista

08 out 2024, 16:57 - atualizado em 08 out 2024, 17:31
recuperação judicial agronegócio
Para especialista em reestruturação, o cenário é muito difícil para o agronegócio e novos pedidos de recuperação judicial devem aparecer (Foto: Divulgação)

Há 4 semanas, o mercado acompanha de perto o pedido de recuperação judicial (RJ) da AgroGalaxy (AGXY3) e seus efeitos para o setor do agronegócio.

Uma semana depois do caso da companhia, que já caiu 84,11% na Bolsa em 2024, foi a vez da Portal Agro, distribuidora de insumos agrícolas, entrar com o pedido de RJ.

Para Wander Brugnara, co-fundador do Grupo Brugnara, a recuperação judicial da AgroGalaxy é preocupante tanto para o agronegócio brasileiro quanto para o mercado de capitais.

“Esse tipo de evento pode minar a confiança de investidores e credores, afetando diretamente o acesso ao crédito e ao capital necessários para impulsionar o setor. Sem uma solução adequada, podemos ver aumento nos custos de produção, redução de investimentos e, em última análise, impacto no crescimento do setor”, diz.

Nova recuperação judicial no agro indica crise?

Segundo Max Mustrangi, especialista em reestruturação e CEO da Excellance, os casos de RJ colocam “fogo” em um setor que já está em incêndio. Ele explica que até agosto, o agro está 80% acima do equivalente do ano passado em números de recuperações judiciais.

“Não são casos pontuais, são casos estruturais. As distribuidoras estão com um sério problema de inadimplência. Os produtores rurais não estão conseguindo pagar a dívida que eles têm com distribuidoras de insumos, grãos e fertilizantes. Isso ocorre em decorrência, da contratação de insumos a custos muito altos na última safra, com expectativa de um preço de venda da commodity e mercado elevado, ou seja, davam lucro na época quando foi feito o cálculo”.

Mustrangi reforça que a queda nos preços das commodities fez com que o preço de venda dos grãos deixasse de cobrir até mesmo os custos de plantio, o que acarretou num rombo de caixa, com empresas não conseguindo cumprir com as obrigações de pagamento de dívida.

Em sua visão, a AgroGalaxy e a Portal Agro emitiram CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) nos últimos anos, numa tentativa de financiamento, de colocar mais dinheiro no caixa.

“Não há muito o que fazer. É administrar a ‘queda do avião’, os aviões estão caindo e outros estão a caminho, é uma questão de tempo. O cenário é muito difícil para o agro, com um problema estrutural”.

2024 pode superar recorde de 2016 em pedidos de RJ

O CEO da Excellance ressalta que 2024 caminha a largos passos para superar o recorde de 2016 em termos de recuperações judiciais dentro do agronegócio.

Segundo ele, o tamanho das RJs são muito grandes, com valores bilionários, o que está fazendo o mercado financeiro ficar extremamente fechado.

“Há uma recessão de crédito e de custo, com garantias muito altas. Por isso que a gente vê tantas empresas fugindo agora para CRAs, debêntures, outros instrumentos, aporte de outros controladores, que é um cenário terrível para o controlador, porque eles já não estão mais achando onde financiar o rombo do caixa, a necessidade de capital de giro e o risco da inadimplência estrutural que vai levar a uma RJ”.

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