Casas Bahia (BHIA3) e juros altos: ‘crescimento de vendas e receita deve ocorrer a despeito do cenário macro’, diz CFO
O Comitê de Política Monetária (Copom) contratou ainda em 2024 duas altas de 1 ponto percentual para a taxa básica de juros (Selic) já nas primeiras reuniões de 2025, em resposta à aceleração da inflação. Neste contexto, a Casas Bahia (BHIA3), uma das maiores varejistas brasileiras, vê a elevação dos juros como uma preocupação macro, mas no micro, se encontra em condições de continuar executando seu plano de transformação.
Élcio Ito, CFO do Grupo Casas Bahia desde meados de 2023, contou em entrevista ao Money Times que, mesmo quando o mercado precificava uma taxa Selic abaixo de dois dígitos ao final de 2024 — o que não se concretizou, entre outros fatores, por conta da política fiscal do governo Lula–, a varejista estimou um cenário pior. Ele levou em conta o momento do Grupo e a necessidade de melhoria na eficiência operacional.
“Nós já saímos na frente e começamos a tomar essas decisões duras e difíceis, de redução de lojas, entre outros, por uma eficiência operacional em busca de caixa e rentabilidade” destaca Ito. Mesmo com o cenário mais desafiador, o CFO afirma que o posicionamento da Casas Bahia é de avanço, de forma até mais acelerada, em suas iniciativas.
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Logo após Ito e o atual CEO do Grupo, Renato Franklin, assumirem os cargos, a Casas Bahia iniciou uma reestruturação, que preparou a empresa para o atual contexto, na avaliação do diretor financeiro.
Foi nesse momento que a empresa passou por um enxugamento de categorias — focando naquelas centrais para a varejista –, fechamento de lojas, redução do quadro de funcionários, entre outros ajustes.
“Claramente já deixou uma base bastante bem preparada, não só no operacional, mas também em toda a renegociação das dívidas, que nos dá o fôlego necessário e tranquilidade para avançar e ontinuar executando o nosso plano”, afirmou Élcio Ito na entrevista.
O CFO não deixa de considerar que a trajetória de alta da Selic é, sim, um fator de preocupação. O varejo é um dos segmento mais sensíveis a alta dos juros. No entanto, para ele, o contexto só coloca uma necessidade ainda maior de responsabilidade de execução, e quanto mais rápida, melhor.
Casas Bahia vê crescimento apesar da Selic
A alta de juros já era esperadca, conforme sinalizado no final do ano passado pelo Copom. Apesar disso, o Grupo Casas Bahia avista crescimento no horizonte.
Questionado sobre se o ciclo de aperto monetário poderia atrasar a retomada do crescimento da varejista, Ito afirma que “em princípio, esse crescimento se mantém”.
O diretor financeiro da Casas Bahia apresentou alguns números, comparados sempre de ano conttra ano. No primeiro trimestre de 2024, o número de lojas físicas, apontadas como canal prioritário da companhia, caiu 9,5%.
No terceiro trimestre de 2024, houve um crescimento de 6,5% nas vendas de mesma loja (SSS — Same Store Sales, na sigla em inglês). E o quarto trimestre aponta para uma tendência ainda maior, de dois dígitos.
Ito afirma que a expectativa é de continuidade do crescimento das lojas físicas na comparação de 2025 ante 2024, com avanço nas categorias-chave.
O foco do Grupo Casas Bahia é, como reiterado pelo CFO, as categorias de eletroeletrônicos e móveis, que não necessariamente andam na mesma velocidade e crescimento de outras, conforme o argumento de Ito.
“A categoria de linha branca, por exemplo, cresce bastante, com um processo de renovação da linha de produtos. Esse ritmo deve permanecer ao longo de 2025”.
Expansão pode ficar para depois
O CFO da companhia evidencia que a expansão, que estava nos planos da companhia, precisará ser revista ao longo do ano, devido ao cenário macroeconômico.
O desenho do plano do Grupo Casas Bahia passa por três fases, sendo a primeira os ajustes em custos e despesas. A segunda prevê a estabilização da operação e avanço da eficiência operacional. Por fim, o terceiro passo é voltar a crescer, abrir novas lojas e engatar um processo de expansão.
“Vamos entender o desempenho da economia. Mas o nosso crescimento de vendas e receita deve ocorrer a despeito do cenário macroeconômico. No final do dia, temos um DNA do varejo, mas queremos fazer isso de forma sustentável”.
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