Money Times Entrevista

Casas Bahia (BHIA3) não quer ser Mercado Livre ou Amazon, afirma CFO; ‘não vejo ninguém com o mesmo foco que nós’

27 jan 2025, 7:00 - atualizado em 27 jan 2025, 10:14
Elvio Ito Casas Bahia (2)
O CFO do Grupo Casas Bahia falou ao Money Times sobre os atuais focos da companhia (Imagem: Divulgação)

A Casas Bahia (BHIA3), uma das empresas e marcas mais tradicionais no varejo brasileiro, tem um foco bem definido para navegar por 2025 e sobre como quer se consolidar nos próximos anos.

O diretor financeiro (CFO) Élcio Ito afirmou em entrevista ao Money Times que há uma busca por se tornar “especialista nas nossas categorias” — de eletroeletrônicos e móveis –, aumentando a aposta nas lojas físicas.

Ito recorda que ele e o atual CEO, Renato Franklin, assumiram suas posições em meados de 2023, colocando em prática o plano de transformação da Casas Bahia. A primeira fase, conforme o CFO, foi justamente a “limpa” nas categorias, focando no que classificam como “categorias-chave”.

Enquanto nomes do varejo nacional, como o Magazine Luiza (MGLU3) e outras vindas de fora, como o Mercado Livre (MELI34) e a Amazon (AMZO34), competem com apelo no marketplace, e-commerce, entregas rápidas e produtos diversos, a especialização é o atual direcionador do Grupo Casas Bahia.

“Não quero ser um Mercado Livre, vender de tudo para todo mundo, ou uma Amazon nos Estados Unidos. Eu quero ser o especialista em eletroeletrônicos e móveis. Além desse foco, o nosso crediário é potente”, afirmou Élcio Ito.

Ito pontuou ainda que, mesmo que também invista na presença online, a loja física é o canal prioritário, contando hoje com 1.073 pontos.

Confira a entrevista com Élcio Ito , CFO da Casas Bahia

Money Times: Como você avalia o atual momento do Grupo Casas Bahia?

Élcio Ito: Recapitulando um pouco, em 2023 nós lançamos o plano de transformação com duração de dois anos, e ele está em evolução. A Casas Bahia sempre foi forte em TV, geladeira, fogão, móveis. Queríamos voltar a focar nessas categorias com o nosso crediário e reduzir outros negócios que estavam em curso.

Por isso houve a mudança no nome da companhia de Via para Grupo Casas Bahia, pensando inclusive no cenário macroeconômico, de alta de juros e o evento Americanas . Nós precisamos focar em fluxo de caixa e rentabilidade.

Fechamos mais de 60 lojas e reduzimos em mais de 20% o quadro da companhia, foram mais de 10 mil pessoas. Readequamos centros de distribuição e ajustamos os estoques em mais de R$ 1,5 bilhão.

A alta das taxas de juros preocupa, porque vai, aos pouquinhos, impactando a economia real.

MT: A companhia tem no radar o fechamento de mais lojas e outros cortes?

EI:  A reestruturação feita em 2023 não vai se repetir. Agora são os ajustes finos e normais de qualquer empresa desse tamanho se adequando ao ciclo econômico do país. Sempre buscamos uma melhora na eficiência.

MT: O foco nas categorias-chave e lojas físicas é o que diferencia a Casas Bahia de outros nomes do setor?

EI: Nós queremos, sim, ser um player especialista nas nossas categorias, por isso descontinuamos  algumas que não estavam relacionadas a eletroeletrônicos e móveis.

Podemos ser fortes em loja física e no online, mas com foco. Se você quiser comprar água, escova, produtos de higiene, vai encontrar no nosso marketplace.

Mas está fora da nossa estratégia ser um Mercado Livre, de vender de tudo para todo mundo, ou uma Amazon nos Estados Unidos. E temos um crediário potente. Vamos manter o marketplace, mas a diferenciação está em eletrônicos e móveis.

MT: Como você avalia esse movimento do Grupo Casas Bahia na contramão do foco em e-commerce e marketplace?

EI: Nós também chegamos a adotar essa estratégia de vender tudo para todo mundo. Mas nós refinamos pensando até na estrutura de capital, porque isso demanda muito dinheiro.

Decidimos sair de uma competição muito acirrada em itens como comida, vestuário, produtos de higiene, de perfumaria. E isso com os chineses chegando.

Muitos destes concorrentes não têm foco em eletrônicos e móveis, é diferente, inclusive em logística. São grandes caixas, grandes volumes.

Nós já somos uma referência no Brasil e temos uma participação muito relevante nas categorias-chave, e vamos reforçar isso.

MT: Para 2025, o que está no foco da estratégia do Grupo?

EI: O crediário faz parte da nossa estratégia principal, junto com o varejo, justamente para dar acessibilidade para o brasileiro fazer essa compra.

Conseguimos avançar, por exemplo, na campanha de liberação de R$ 1 bilhão em crédito feita em novembro para a Black Friday. Nós atingimos esse R$ 1 bilhão de produção de crediário e continuamos muito fortes desde então.

Mas há um ponto de atenção e de cautela bastante forte, porque eu não quero crescer o crediário e eventualmente ter problemas grandes de inadimplência. Teremos um acompanhamento constante.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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