Casas Bahia (BHIA3) despenca 9% após prejuízo bilionário; o que fazer com as ações?
As ações da Casas Bahia (BHIA3) despencaram no pregão desta terça-feira (26) após registrar prejuízo líquido contábil de R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2023, ante perda perda de R$ 163 milhões no mesmo período de 2022.
Com isso, os papéis derreteram 9%, negociados a R$ 6 e nas mínimas de 2024. Com o desempenho negativo hoje, as ações da gigante do varejo caminham para fechar março com o pior desempenho mensal desde setembro do ano passado, com um tombo de mais de 30%.
Reestruturação afeta trimestre ‘fraco’ de Casas Bahia
A head de varejo da XP, Danniela Eiger, e os analistas Gustavo Senday e Laryssa Sumer avaliam que os resultados da varejista foram fracos com a receita líquida e a rentabilidade afetadas pela reestruturação da companhia.
Segundo eles, a “fraca conjuntura macroeconômica e as bases de comparações difíceis”, com o evento Copa do Mundo em 2022, afetaram a receita, enquanto as “iniciativas de reestruturação prejudicaram a rentabilidade”, com o indicador sendo o ponto fraco do balanço financeiro.
Na esteira das receitas, o BB Investimentos destaca o indicador de vendas totais (GMV, na sigla em inglês), que atingiu R$ 11 bilhões, queda de 12% na comparação anual e abaixo das estimativas do banco.
“Todos os canais de vendas reportaram queda de receita. Enquanto o desempenho das lojas físicas foi prejudicado pelo fechamento de 55 lojas no ano passado e pela queda de 5,8% nas vendas mesmas lojas”, diz o relatório do banco assinado por Georgia Jorge.
Ela acrescenta que, diante dessa dinâmica de piora das vendas, a receita líquida recuou 16,2% na base anual, somando R$ 7,4 bilhões no período.
A analista ressalta que a companhia continua vivenciando um momento delicado na operação, em que busca reequilíbrio dos canais de vendas, prioriza a rentabilidade, reduz investimentos e reforço na estrutura de capital.
“Em nossa leitura, esse momento mais desafiador reflete um desequilíbrio entre a relação risco-retorno. Por ora, mantemos a recomendação de venda, até incorporarmos os resultados do quarto trimestre em nosso valuation“, acrescenta Jorge.
O analista de varejo do BTG Pactual, Luiz Guanais, reforça que Casas Bahia apresentou tendência de enfraquecimento da receita no quarto trimestre, assim como nos trimestres anteriores, enquanto a desalavancagem operacional chamou a atenção novamente, alimentando a perspectiva desafiadora para a empresa no curto prazo.
“Diante disso, permanecemos cautelosos devido às perspectivas competitivas do comércio eletrônico, aos altos custos de financiamento da companhia e à incerteza sobre a monetização de créditos fiscais. São fatores que podem prejudicar a capacidade de investir no crescimento das operações e continuar a impactar a estrutura de capital”, diz.
Um ponto positivo nos resultados, vê banco
Por outro lado, o Safra vê que os resultados da gigante do varejo trouxeram um destaque positivo no trimestre. Nesse caso, foi a melhora do capital de giro e um impacto positivo no fluxo de caixa.
O analista Vitor Pini destaca que a Casas Bahia registrou um fluxo de caixa operacional após capex de R$ 648 milhões em 2023, em comparação com um consumo de caixa de R$ 521 milhões em 2022.
“Vemos os resultados como positivos, pois a empresa apresentou Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de R$ 163 milhões no 4T23] melhor que o esperado e um fluxo de caixa após capex positivo. Isso indica que a recuperação começou a dar frutos”, observa.
Contudo, em linha com o BB, ele pondera que o plano de reestruturação afetou o desempenho de vendas da companhia.
- Campos Neto vai pisar no freio? O analista Matheus Spiess comenta as perspectivas para a Selic; confira: