Cartas privadas de Prêmio Nobel com Jackie Kennedy vão a leilão
O objetivo de qualquer coisa considerada “colecionável” – um cartão de beisebol, um selo, um autógrafo – é que seu valor se baseia em critérios definidos pelo mercado. Sem consenso sobre quais são esses valores, os cartões de beisebol são apenas papel laminado, e os selos são apenas, bem, também papel laminado.
“É simples oferta e demanda”, diz Judith Lowry, sócia da Argosy Book Store, de Nova York, que também negocia correspondências, autógrafos e lembranças. “Se há mais pessoas que querem cópias ou cartas, o preço aumenta.”
No caso de uma coleção de cartas, manuscritos e diários do Prêmio Nobel, John Steinbeck, prestes a ser leiloada, há um cálculo adicional: atualidade.
“Há um manuscrito autografado no qual ele fala sobre a América, conduta ética e funcionários públicos”, diz Elyse Luray, especialista da Heritage Auctions que organizou o leilão programado para 24 de outubro. “E agora [nos EUA] fala-se em impeachment.” As cartas de Steinbeck, continua, até contêm alusões à crise dos opioides. “Ele vai para a Europa e vê todo mundo tomando pílulas para dormir, e aqui estamos tendo problemas com um tipo diferente de pílula.”
Luray diz que a relevância deve facilitar a venda dos lotes. “Eles oferecem uma visão interna das coisas vividas por John e são pertinentes ao que está acontecendo hoje.”
A coleção pertencia à terceira esposa de Steinbeck, Elaine. Quando ela morreu em 2003, a família “pegou tudo – folhas, papel de embrulho – e colocou em um depósito”, diz Luray. “Havia também algumas coisas em um cofre.”
O leilão ocorrerá apenas on-line, e nenhum dos lotes tem estimativas, apenas os lances iniciais.
O “warmup journal”, um diário que Steinbeck escreveu entre 1946 e 1947 “da mesma maneira que um jogador de futebol se aquece antes de um jogo”, diz Luray, é de longe o mais caro, com uma oferta inicial de US$ 10.000. Com o prêmio e as taxas do comprador, esse número chega a US$ 12.500.
Correspondência com os Kennedy
Outras cartas, particularmente entre Steinbeck e John e Jackie Kennedy, são bastante procuradas, diz Luray.
Apenas uma assinatura de Steinbeck, explica, vale algumas centenas de dólares. “Mas colecionadores de verdade querem uma carta, e uma carta que diga alguma coisa. Talvez uma que revele algo que você nunca soube.”
Se for esse o caso, a correspondência entre Jackie Kennedy e Steinbeck após o assassinato de JFK pode ser particularmente valiosa, se não para os colecionadores de Steinbeck, pelo menos para os fãs dos Kennedy.
“Eu me pergunto se ele previu seu fim. Ele costumava falar de maneira vaga sobre ser assassinado”, escreve Kennedy em uma carta de seis páginas a Steinbeck em 22 de março de 1964, quatro meses após a morte do marido. “Eu nunca fiquei assustada – porque não conseguia conceber algo assim acontecendo com Jack – e ele era muito irônico em relação a isso. Agora me pergunto se, no fundo, pensava que isso poderia acontecer.”
Essa carta tem um lance inicial relativamente modesto, de US$ 1.875.