Carros populares: O banho de água fria da Anfavea
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta que os recursos para o novo programa de carros populares do governo vão acabar em um mês.
“Na prática, ou o programa vai durar bem menos ou o governo colocará mais recursos no programa”, disse o presidente da associação, Márcio de Lima Leite, a jornalistas nesta terça-feira.
“Teremos um mês ou um pouco mais de um mês”, acrescentou, afirmando que o setor gostaria que o governo “pudesse ampliar esses 500 milhões de reais”.
A avaliação se baseia em uma média de desconto no preço do veículo, de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil, afirmou. Isso gera um potencial total de cerca de 110 mil automóveis ante um estoque já elegível para o programa de 115 mil unidades, segundo os números da Anfavea.
A indústria de veículos brasileira tem uma capacidade de produção de 4,5 milhões de unidades, mas desde a pandemia tem trabalhado com cerca de metade de ociosidade.
A projeção do governo era que o programa durasse até o corte dos juros, que economistas calculam que ocorra no segundo semestre.
Porém, o programa acaba junto com os R$ 1,5 bilhão em crédito tributário ao longo dos próximos quatro meses para as montadoras que se dispuserem a conceder descontos de R$ 2 mil a até R$ 8 mil nos preços de automóveis e de até R$ 99,4 mil para caminhões e ônibus.
Na avaliação do diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria automotiva Jato do Brasil, Milad Kalume Neto, “o plano parece subajustado para o período em relação ao teto proposto… A perspectiva é que ele tende a ser prorrogado”.
Leite, da Anfavea, disse não acreditar que o programa seja permanente. “Neste momento não há qualquer discussão sobre isso”, afirmou.
Com Reuters