Coluna do Heverton Peixoto

Carros populares e Marco das Garantias: Medidas do governo ajudam outro setor além do automotivo; veja qual

03 ago 2023, 16:09 - atualizado em 03 ago 2023, 16:09
Carros, automotivo, seguro
A medida do governo de baratear carros com desoneração chamou a atenção no mercado e as vantagens não foram só para o setor automotivo. (Imagem: REUTERS/Roosevelt Cassio)

O ano de 2023 começou com expectativas no campo político e inúmeros desafios econômicos. Havia necessidade de assertividade na apresentação de projetos e habilidade de convencimento do Congresso Nacional, no curto prazo.

Como se não bastasse, a alta taxa de juros e da inflação, notados especialmente em produtos de consumo para o dia a dia dos brasileiros, resultou no endividamento recorde das famílias e tudo isso precisava ser contido. Diversos setores sentiram o golpe, como o automotivo e sua cadeia de negócios, do crédito ao mercado de seguros.

No entanto, uma série de indicadores atuais elevam os níveis de otimismo para esse semestre e 2024.

A esperança de dias melhores é motivada pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,9%, ao atingir R$ 2,6 trilhões logo no 1T23, resultado acima do esperado e puxado pela agropecuária. A inflação está em uma trajetória decrescente desde fevereiro, e o acumulado em 12 meses está em 3,16%, bem no centro da meta. Além disso, o Banco Central iniciou a redução gradativa da taxa básica de juros.

Governo no rumo certo

O Governo Federal vem adotando medidas importantes e certeiras, especialmente a reforma tributária e a ampliação do direito ao crédito. Iniciativas que trazem confiança ao mercado financeiro, impulsionando novamente o setor automotivo e sua cadeia de negócios.

O primeiro passo nessa direção foi o programa do Governo Federal lançado em junho para estimular a venda de carros populares. Embora temporário, o programa mostrou-se eficaz: as vendas de automóveis registraram alta.

Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em junho foram emplacados 142.017 automóveis, ante 127.478 em maio, um aumento de 11,4%. Em comparação a junho do ano passado, o crescimento é de 6,3%.

Outras duas ações deverão ampliar a oferta de crédito e contribuir para impulsionar o reaquecimento do mercado de veículos no país. O primeiro é o Desenrola Brasil, programa que visa colaborar para a renegociação de dívidas da população e possibilitar acesso ao crédito à maior público.

Somente nos primeiros cinco dias, o programa renegociou ao menos 497,6 mil dívidas de clientes com os bancos aderentes. O número de pessoas com dívidas de pequeno valor, e que devem ter o nome limpo no Desenrola, deverá chegar a 2,5 milhões, estima o governo federal. Ou seja, são milhões de pessoas que podem voltar a financiar um veículo.

A aprovação do Marco Legal das Garantias, em tramitação final no Congresso, também tem o potencial de ampliar a oferta de crédito, ao possibilitar que um mesmo imóvel – exceto a casa própria – seja utilizado como garantia para mais de um financiamento. Aprovado na Câmara, ele poderá reduzir o spread sobre os empréstimos para a compra de veículos usados em até 20% e aumentar no mesmo percentual o total de clientes que contratam esse serviço.

Diante desse contexto de aumento de crédito e de melhoria do cenário macroeconômico, a expectativa é que haja uma retomada na venda de veículos novos e usados. E, como consequência, o crescimento na comercialização do seguro automotivo.

Seguro automotivo

Líder absoluto no país entre os itens de seguridade, o seguro auto registrou queda no início do ano. Em abril, foi registrado recuo de 22,1% na comparação com março, segundo o Índice Neurotech de Demanda por Seguros. Por isso, as mudanças macroeconômicas e as ações do governo são uma oportunidade para o segmento voltar a crescer.

O mercado de seguros está atento a esse panorama e enxerga o momento como oportunidade para ampliar a base de clientes. Para absorver essa demanda, a expectativa é que as seguradoras ofereçam preços mais atraentes e condições diferenciadas, como a responsabilidade civil em caso de danos a terceiros ou apenas a proteção a colisões ou a roubos e furtos. O ganho deverá vir mais pelo volume de novos contratantes.

A ideia é que todos saiam ganhando. De um lado, o consumidor poderá ter crédito mais barato para adquirir o veículo e segurar o automóvel com condições mais vantajosas e que atendam às suas demandas.

Por outro lado, financeiras e empresas de seguro serão beneficiadas com a oferta de crédito e reaquecimento das vendas. Por isso, a expectativa é que o mercado financeiro automotivo volte gradativamente aos trilhos e contribua para o desenvolvimento do país.

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