Carro popular: Plano do governo de incentivar a venda de carros baratos pode enguiçar; saiba por quê

O Governo Lula está tentando resgatar os carros populares, que se tornaram cada vez mais raros no portfólio das montadoras e a cada vez mais caros. Os poucos veículos de entrada encontrados por aí giram em torno dos R$ 70 mil.

O plano seria apresentar um programa de incentivo aos carros populares na próxima semana – dia 25 de maio é comemorado o Dia da Indústria e considerada uma boa data para o anúncio. No entanto, a proposta do governo parece estar enfrentando dificuldades para sair do papel.

• Quem tem medo do Leão? O Money Times disponibilizou o guia do Imposto de Renda 2023 como cortesia a todos os leitores. Retire o seu exemplar aqui e veja as melhores dicas para fugir da malha fina.

As informações são de que ainda não está claro para as montadoras quais medidas serão de fato adotadas pelo governo.

Além disso, o governo ainda tem um outro problema para resolver: a queda na renda do brasileiro e a dificuldade de acesso ao crédito. Segundo o Serasa, 43,43% da população com mais de 18 anos estava endividado em março.

O número de financiamento de carros também caiu: dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que, em julho de 2021, 12,6% das famílias pagavam prestações de financiamento de carro. Um ano depois, esse percentual caiu para 10,6%.

Vale lembrar que a Selic está em seu maior patamar desde janeiro de 2017. Com a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, os empréstimos tendem a ficar mais caros e reduzindo o interesse dos consumidores em fazer novos financiamentos.

Era das SUVs

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que a parcela de carros de entrada caiu ao longo dos anos e deu espaço para a SUVs.

Leia também

Brasil

PF indicia Bolsonaro por golpe de Estado

Pagamentos

Quando recebo a primeira parcela do meu décimo terceiro salário?

Em 2012, os carros populares representaram 31,3% das vendas no ano, totalizando 3,1 milhões de unidades. Mais de uma década depois, essa quantia caiu para 9,3% até abril deste ano. Já a categoria de SUVs passou de 8,8% para 46,4%, quando comparados com os mesmos períodos.

Os carros populares foram perdendo o brilho, não apenas por uma mudança no perfil de consumo, mas porque os custos da produção dos carros subiram – começando pelas novas leis de segurança e emissões, e agravado pela falta de componentes durante a pandemia. Com isso, os preços dos populares ficaram mais próximos dos modelos mais robustos.

Plano do governo para carros populares

O que se sabe até agora é que as montadoras tenham pelo menos um modelo movido exclusivamente a etanol com valor entre R$ 50 mil e R$ 55 mil. A ideia também é reduzir os preços de carros que custam até R$ 100 mil.

Para fazer isso funcionar, o governo que promover uma redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e negociar com o s Estados um corte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Também é pensada uma forma de diminuir as margens de lucro das montadoras e concessionárias.

Parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) também poderá ser usado para comprar o automóvel, assim como o governo pode incentivar subsídios para financiamentos e parcelamentos mais longos, podendo chegar em 72 vezes.

Juliana Américo é formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.