Carro popular: Governo quer ajuda dos Estados com corte de imposto; entenda
Para tornar o projeto de retomar o carro popular possível, o Governo Lula busca ajuda dos Estados para promover corte no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A ideia inicial era a de baixar os preços de automóveis de entrada para a casa dos R$ 50 mil. No entanto, o valor vem se mostrando inviável e a meta agora gira em torno dos R$ 55-60 mil, segundo o Estadão, que disse ter ouvido fontes a par do assunto.
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A busca de ajuda dos Estados visa somar o corte do ICMS à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e das margens de lucros das montadoras e concessionárias, segundo a publicação.
Além disso, as medidas do plano devem incluir a implementação de juros subsidiados para o financiamento e prazos mais longos para as parcelas. O anúncio do plano deve ocorrer na próxima semana, no Dia da Indústria (25).
A utilização de parte do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) do trabalhador como uma espécie de “fundo garantidor” em caso de inadimplência também está em discussão, de acordo com a publicação.
Carro popular na mira de Lula
O setor automotivo se recupera dos impactos causados pela pandemia, com desafios em relação à produção, peças e queda na demanda por automóveis, que chegou a provocar a paralisação de montadoras.
Atualmente, os carros 0 km mais baratos no mercado ficam entre R$ 70 e R$ 80 mil. Dois veículos disputam o posto de mais em conta, sendo eles o Fiat Mobi Like e o Renault Kwid, ambos com preços sugeridos, pelas respectivas montadoras, de R$ 68.990.
Em abril, a pauta do retorno do carro popular foi levada ao Ministério do Desenvolvimento (Mdic) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e, nas últimas semanas, vem sendo citada pelo presidente Lula.
Em discurso em Brasília, o presidente afirmou que irá “fazer carros a preços mais compatíveis e aumentar as prestações”.
Ao longo de seu segundo mandato, entre 2007 e 2010, Lula reduziu impostos para carros e, com inflação e juros favoráveis, muitos brasileiros tiveram acesso ao primeiro carro zero pagando prestações ao longo de seis anos.
Apresentação do plano
A primeira etapa do plano para reduzir os preços de entrada está prevista para 25 de maio, no Dia da Indústria, conforme noticiou a Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal, a sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) deve ser o palco para o anúncio das medidas.
São esperadas linhas de crédito para o setor fabril, reduções tributárias, aumento do índice de nacionalização de bens manufaturados e um programa de financiamento para veículos.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não está envolvida no projeto, visto que não abrange todas as montadoras. Dessa maneira, está sendo negociado diretamente com os fabricantes que possuem carros de entrada.
Os detalhes do projeto, que será apresentado, é fator crucial para a adesão das fabricantes. A expectativa é de que marcas como Renault, Fiat, Citroën e Volkswagen estejam envolvidas no projeto do novo carro popular, no entanto, a Chevrolet pode ficar de fora.
“O carro depenado, sem conteúdo, não vai de encontro ao que o brasileiro quer”, disse à Folha de S. Paulo o presidente da GM América do Sul, Santiago Chamorro.
A substituição do termo “carro popular” por “carro de entrada” nos discursos oficiais é uma demanda das montadoras, no intuito de não sugerir diretamente um veículo barato.