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Carrefour (CRFB3): Prejuízo milionário no 1T23 assusta e ações desabam; ainda há esperanças?

03 maio 2023, 12:46 - atualizado em 03 maio 2023, 12:46
Carrefour
Carrefour registra primeiro prejuízo desde IPO, em 2017 (Imagem: Carrefour/Divulgação)

As ações do Carrefour (CRFB3) despencavam 8,05%, a R$ 9,60, no pregão desta quarta-feira (3), após a companhia reportar um prejuízo milionário no primeiro trimestre do ano. Por volta das 12h35, os papéis lideravam as quedas do Ibovespa (IBOV) — que também recuava 0,19%, a 101.731 pontos.



O balanço veio mais fraco do que o esperado, o que acarreta à reação na sessão de hoje, explicam analistas. Entre os destaques negativos do resultado está a rentabilidade do Carrefour.

Ruben Couto e a equipe de analistas do Santander pontuam que a rentabilidade foi pressionada em toda a linha da varejista. Isso devido ao processo de integração do Grupo BIG e ao desempenho ruim do Carrefour Soluções Financeiras (CSF), com queda anual de 73% no Ebitda.

No trimestre, o resultado financeiro da companhia totalizou R$ 756 milhões, impulsionado pelo aumento das taxas de juros e pela dívida financeira. Já o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 375 milhões, contra R$ 421 milhões no mesmo período de 2022.

Ainda assim, o Santander manteve a recomendação “outperform” para CRFB3 — ou seja, a ação tem potencial para performar acima da média do mercado. O preço-alvo indicado é de R$ 20, o que implica uma eventual alta de 92,9%, com base no último fechamento (2).

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Carrefour deixa a desejar no 1T23

No setor de atacarejo, o Carrefour reportou receita 3,5% abaixo das estimativas do Santander nos três primeiros meses do ano, refletindo os efeitos da desaceleração da inflação de alimentos. A divisão apresentou pressão de margem Ebitda de 126 pontos base (bps), mas essa se manteve estável, em 6,8%, mostrando forte execução, mesmo em um cenário de deflação.

No varejo, a receita veio acima do esperado, mas a lucratividade teve declínio. As receitas foram impulsionadas pela venda de gasolina e “outras”, segundo a companhia. A margem bruta melhorou 190 bps, devido a melhores condições de negociação com fornecedores, indicando sinergias interessantes.

Por outro lado, a integração pressionou a lucratividade do setor, com desalavancagem operacional nas lojas pendentes de conversão, levando a uma pressão de margem Ebitda de 227 bps.

Já a divisão bancária do Carrefour foi o destaque negativo do trimestre, segundo os Couto e a equipe de analistas. O CSF registrou receita 7% acima das estimativas, beneficiada pelo aumento da carteira de crédito, uma vez que a empresa incorpora a base de clientes do BIG.

No entanto, o crescimento veio acompanhado do aumento dos custos de aquisição de clientes e uma maior taxa de risco.

Com a pressão de rentabilidade em todos os setores, especialmente no bancário, o Carrefour registrou queda de 16,8% no Ebitda em relação ao ano anterior. O desempenho fraco aliado a maiores despesas financeiras, levou a empresa a registrar seu primeiro trimestre de prejuízo líquido desde sua oferta pública inicial (IPO), em 2017.