Carrefour (CRFB3) mantém projeção de sinergias com BIG e espera 2º semestre “forte”
O Carrefour (CRFB3) avalia que a performance de sua divisão de atacarejo, Atacadão, seguirá pressionada até o final deste ano, em razão da grande quantidade de abertura de lojas registrada pelo setor no país nos últimos meses, afirmou o presidente-executivo da companhia, Stéphane Maquaire, nesta quarta-feira.
De acordo com o executivo, nos últimos 12 a 18 meses o Atacadão abriu cerca de 100 lojas, enquanto o principal rival, Assaí “abriu e converteu muitas lojas. Outros operadores regionais também”.
“Acho que isso vai impactar nossa performance até a última parte do ano de 2023”, disse Maquaire, citando ainda a reabertura de lojas Extra convertidas em Assaí pelo concorrente. “Não tínhamos nenhuma concorrência com essas lojas e agora temos algumas lojas novamente abertas. Estamos em momento de muitas mudanças no mercado de atacarejo e varejo.”
As ações do Carrefour Brasil lideravam as perdas do Ibovespa nesta tarde, tombando mais de 7%, a 9,67 reais, enquanto o índice mostrava alta de 0,2%.
Na noite da véspera, a companhia divulgou prejuízo líquido de 113 milhões de reais para o primeiro trimestre, revertendo lucro de 370 milhões um ano antes. O resultado foi impactado por elevação nos custos e investimentos para conversão de lojas adquiridas do BIG, que tiveram aceleração no cronograma.
Mas o presidente do Carrefour Brasil afirmou que a empresa deve começar a colher resultados da aceleração das conversões de lojas a partir do segundo trimestre, com o processo sendo encerrado até o final do primeiro semestre, o que deixará a companhia pronta para um “forte” segundo semestre.
De acordo com analistas do BTG Pactual, a desaceleração de números do Carrefour Brasil nos primeiros meses do ano tende a continuar no curto prazo, com o efeito de uma inflação de alimentos menor, que atinge estoques de mercadorias, e desafios adicionais relacionados à integração do Grupo BIG pesando nos resultados consolidados.
Segundo Maquaire, porém, o Carrefour Brasil se mantém firme em sua estratégia de preços em um ambiente de queda da inflação de alimentos. O executivo apontou para um cenário de “inflação muito fraca” no setor alimentício no segundo trimestre, com possibilidade de desinflação.
Apesar disso, o executivo afirmou que espera uma estabilidade nas margens brutas de lojas existentes do Atacadão, principal unidade de negócios da empresa no país, nos próximos trimestres e “melhora sequencial” das originadas por conversões de outros formatos.
Apesar da explosão de aberturas de lojas no segmento de atacarejo no país nos últimos meses, Maquarie afirmou que o Atacadão tem potencial para abrir mais lojas no longo prazo e que as aberturas deste ano “terão um pouco mais de cuidado” em função das incertezas da economia. Em 2023, o grupo espera aberturas orgânicas de 10 a 15 lojas Atacadão no Brasil.
Por ora, o executivo afirmou que as vendas de abril estão crescendo no mesmo ritmo do verificado no primeiro trimestre. “Vamos ter um segundo trimestre mais ou menos na mesma linha do primeiro trimestre”, afirmou.
A previsão da empresa conseguir pelo menos 2 bilhões de reais em sinergias até 2025 com a aquisição do Grupo BIG segue mantida, disse o executivo.
Já o projeto de monetização de ativos, que inclui uma plataforma imobiliária, segue em estudos pela companhia. “Estamos trabalhando na organização dela antes de abrirmos para potenciais parceiros”, disse Maquaire.
(Atualizada às 15:54)