Carrefour (CRFB3): Minoritários se mobilizam contra incorporação e questionam preço da oferta

Os acionistas minoritários pessoas físicas do Carrefour Brasil (CRFB3) e alguns fundos estão fazendo uma movimentação ativa para mudar as condições do plano de incorporação e a troca de ações proposta pelo controlador da companhia.
Segundo fontes ao Valor Econômico, a operação tem o risco de ser barrada. Isso porque uma parte dos acionistas considera analisar o plano caso seja alterado o preço oferecido por ação, de R$ 7,70.
Já outros preferem aguardar o processo de retomada do crescimento da empresa, passado três duros anos de reestruturação – e são contra a proposta.
Algumas gestoras também já se manifestaram contra a operação proposta pelo controlador. A Wishbone Partners, que é uma das investidoras da varejista brasileira, afirmou acreditar em uma “reviravolta dos acionistas contra a transação flagrante injusta”, em uma carta na semana passada.
“Trata-se de oportunismo vergonhoso e antiético – uma tentativa de criar valor para o controlador francês tirando-o dos minoritários de Atacadão – e que se reflete de maneira terrível na cultura de governança corporativa que o Brasil trabalhou de forma tão admirável para construir ao longo dos últimos 25 anos”, disse a Wishbone no documento.
A gestora defende que o Carrefour Brasil, também conhecido como Atacadão, foi listado em 2017 por R$ 15 a ação, o que é praticamente o dobro do que o preço da proposta recente do controlador.
Na última sexta-feira (7), as ações CRFB3 encerraram os negócios na B3 cotadas a R$ 7,39.
- SAIBA MAIS: O Seu Dinheiro, portal parceiro do Money Times, mapeou os investimentos mais promissores do mês de março; veja as recomendações de especialistas do mercado
Incorporação do Carrefour
No dia 11 de fevereiro, o controlador — a rede francesa Carrefour S.A (MergerSub) — do Carrefour Brasil — propôs converter a empresa brasileira em subsidiária integral.
A potencial transação será realizada pela incorporação da totalidade das ações CRFB3 pela controladora estrangeira, no primeiro momento.
O próximo passo envolve uma troca de ações, quando os acionistas do Atacadão, em troca das ações que possuem, recebem as denominadas “ações resgatáveis” da MergerSub, podendo ser da categoria A, B ou C, em que cada ação ordinária CRFB3 será substituída por 1 ação resgatável de uma das seguintes formas:
- troca de 11 ações no Brasil por 1 ação na França
- 22 ações do Carrefour Brasil por 1 ação na França, mais o resgate de R$ 3,85 por papel;
- 22 ações do Carrefour Brasil por 1 ação na França, mais o resgate de R$ 7,70 por papel.
De acordo com a companhia, a transação oferece aos acionistas um prêmio de 32,4%.
Os acionistas devem votar na proposta na próxima assembleia geral extraordinária (AGE) marcada para 7 de abril. A operação pode ser aprovada por maioria simples na AGE.
Ainda de acordo com o Valor, o controlador francês da varejista e a Península Participações, maior acionista do grupo na França, – que apoia a proposta – não devem votar. Juntos, eles detêm 74,7% da rede.
*Com informações de Valor Econômico