Carrefour (CRFB3): Com resultados mistos e deslistagem no radar, ações sobem após números do 4T24; o que fazer?
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As ações do Carrefour Brasil (CRFB3) abriram o pregão desta quarta-feira (19) em alta, após a companhia reportar um lucro líquido de R$ 1,16 bilhão referente ao quarto trimestre de 2024.
Analistas, de modo geral, viram os resultados como mistos e seguem divididos entre uma recomendação de compra e “neutra”, tendo uma possível deslistagem da companhia no radar.
Às 12h33 (horário de Brasília) CRFB3 subia 1,20%, a R$ 7,59. Acompanhe o tempo real.
Para o BTG Pactual, a empresa teve um crescimento decente em vendas de mesma loja (SSS), mas com pressão na margem bruta e maior alavancagem financeira em relação ao ano anterior.
A visão conservadora do banco permanece inalterada após o balanço, refletindo os desafios do Carrefour para integrar/reverter a operação do Grupo BIG, além da recente deterioração da margem bruta e um ambiente competitivo difícil.
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Os analistas esperam que a varejista de alimentos seja mais conservadora na alocação de capital em 2025, o que foi confirmado pelo CEO Stéphane Maquaire, em teleconferência com analistas nesta quarta (19). “Podemos ter em 2025 um ano de menor quantidade de lojas abertas no atacarejo”, afirmou o executivo. Segundo ele, o foco no atual cenário é desalavancar a companhia.
“Embora esperemos tendências gradualmente melhores nos próximos trimestres, apoiadas pelos esforços da empresa para otimizar seu portfólio de lojas e a recente recuperação da inflação de alimentos, os resultados permanecerão abaixo do esperado no curto prazo, enquanto reconhecemos que o desempenho das ações deve ser ditado principalmente pelo fluxo de notícias sobre o processo de OPA (oferta pública de ações)”, avalia o BTG.
Resultado ‘artificialmente’ impulsionado
O Santander destaca que o Ebitda consolidado do Carrefour no trimestre superou as expectativas da casa e o consenso em cerca de 8% e 6%, respectivamente, mas o resultado foi artificialmente impulsionado por um ativo de imposto diferido de R$ 1 bilhão vinculado às perdas acumuladas do BIG.
Na leitura dos analistas, Atacadão e Varejo entregaram margens melhores do que o esperado com boas tendências de crescimento de vendas, o que pode ser visto como uma leitura positiva para outros varejistas de alimentos.
“Finalmente, a gerência alertou que novos fechamentos de lojas e eventos pontuais relacionados no primeiro semestre de 2025 podem pesar nos resultados de curto prazo, mas esperamos uma reação neutra das ações, já que a provável saída do Carrefour Brasil da bolsa deve manter as ações estagnadas”, ponderam.
O que mais o Carrefour apresentou
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que mensura o potencial de geração de caixa operacional, ficou em R$ 1,91 bilhão no período, uma alta de 2,2% na comparação anual.
Já a margem Ebitda recuou 0,02 ponto percentual, ficando em 6,5% no quarto trimestre de 2024.
Em Clube e Cash & Carry (modelo de negócios de autoatendimento), todas as linhas tiveram avanço, com exceção de “outras receitas”, que recuou 77,9%. Já do lado do Varejo, houve queda de 7,6% nas vendas líquidas e 7,2% nas receitas totais. Apesar disso, o Ebitda ajustado do segmento avançou 10,5% no 4T24.
A companhia registrou R$ 31,2 bilhões em receitas totais no período. Na linha de despesas financeiras (SG&A), houve avanço de 1,8%, com o percentual de vendas líquidas diminuindo 50 pontos-base.
Para o Bradesco BBI, a impressão do balanço ficou de neutra a ligeiramente negativa. No entanto, veem os números do trimestre ficando em segundo plano e sem grande impacto no preço da ação enquanto a empresa e seu grupo controlador estiverem conduzindo a discussão para fechar o capital do Carrefour Brasil.
O Itaú BBA coloca que os olhos estão no resultado, mas a mente está na França. Dado o recente anúncio da intenção do Carrefour França de comprar 100% da divisão brasileira por R$ 7,70/ação, os analistas colocam que naturalmente os resultados se tornam menos relevantes para fins de ação de preço.
“Acreditamos que ele deve continuar sendo negociado próximo ao preço da oferta”, dizem os analistas.
E a deslistagem?
Poucos dias antes da divulgação do balanço, a possível deslistagem do Carrefour Brasil (CRFB3) entrou no radar do mercado, após o controlador francês anunciar o lançamento de uma oferta para fechar o capital da subsidiária brasileira.
A controladora quer transformar o Atacadão em uma subsidiária integral, tendo assim 100% do capital da empresa brasileira. Hoje, a holding possui uma participação próxima de 70% da varejista, segundo dados que constam na página da B3.
A operação prevê o fechamento do capital do Carrefour Brasil, que ficaria apto a emitir somente títulos de dívida, como debêntures, por exemplo.
Analistas estimam que a saída do Carrefour do Novo Mercado ocorra já no segundo trimestre deste ano.
A transação envolve a incorporação de todas as ações do Carrefour Brasil em uma nova empresa brasileira controlada pelo grupo Carrefour. Com isso, os acionistas receberiam diferentes classes de ações resgatáveis em troca de suas ações do Atacadão, que posteriormente seriam resgatadas por dinheiro, ações do Carrefour ou de forma híbrida (dinheiro + ações).
Durante a teleconferência desta quarta (19), o CEO afirmou que os conselhos do Carrefour Brasil e da controladora Carrefour França aprovaram levar para votação em assembleia de acionistas, que ainda não tem data para acontecer.
O que fazer com as ações do Carrefour?
Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo |
---|---|---|
BTG Pactual | Neutra | R$ 10,00 |
Itaú BBA | Outperform (equivalente à compra) | R$ 11,00 |
Bradesco BBI/Ágora Investimentos | Neutra | — |
Santander | Outperform (equivalente à compra) | R$ 10,00 |