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Carrefour (CRFB3): Analistas esperam fechamento de capital no Brasil no 2º tri; o que fazer com as ações?

12 fev 2025, 11:50 - atualizado em 12 fev 2025, 11:50
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Analistas esperam conclusão da operação para fechar capital do Carrefour Brasil para o segundo trimestre de 2025 (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O Carrefour Brasil (CRFB3) pode dar adeus à sua listagem no Novo Mercado já no segundo trimestre deste ano, avaliam analistas após o grupo francês Carrefour anunciar o lançamento de uma oferta para fechar o capital da subsidiária brasileira.

Em consenso, BTG Pactual, XP Investimentos e Bradesco BBI esperam uma conclusão da operação antes do fim do segundo trimestre. Desse modo, a empresa ficaria apta a emitir somente títulos de dívida, como debêntures, por exemplo.

A transação envolve a incorporação de todas as ações do Carrefour Brasil (Atacadão) em uma nova empresa brasileira controlada pelo Carrefour. Com isso, os acionistas receberiam diferentes classes de ações resgatáveis em troca de suas ações do Atacadão, que posteriormente seriam resgatadas por dinheiro, ações do Carrefour ou de forma híbrida (dinheiro + ações).

Na avaliação de Luiz Guanais e equipe, do BTG, os números fracos e alta alavancagem financeira nos últimos trimestres mantiveram a ação sob pressão, com queda de 39% nos últimos 12 meses, o que explica, em grande parte, a decisão da Carrefour.

“Vale destacar que o Atacadão também possui um empréstimo intercompanhia de R$ 8,6 bilhões com o Carrefour França”, dizem os analistas.

No final de janeiro, a família Diniz, que detém 9,2% do Carrefour Global e 10,2% do Carrefour Brasil, manifestou interesse em vender suas participações. Dessa maneira, os analistas colocam que uma possível aquisição por parte do Carrefour França atende aos interesses da família Diniz.

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Ações do Carrefour Brasil sobem

As ações CRFB3 dispararam após o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na tarde de terça (11), chegando a saltar 18%.

Nesta quarta (12), as ações do Carrefour Brasil avançam, embora de maneira mais moderada. Às 11h32 (horário de Brasília), CRFB3 subia 2,96%, a R$ 7,31. Acompanhe o tempo real.



Para os analistas Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meireles, da Ágora Investimentos, a forte valorização da véspera faz sentido com o comunicado e CRFB3 deve atingir o preço de R$ 7,70 por ação a medida que o mercado ganha confiança de que a transação terá andamento. A recomendação permanece neutra para a ação.

Eles recordam que, conforme regras da CVM, dois terços do free float total (ações disponíveis para negociação) devem concordar com a operação.

A Península, empresa de investimentos da família Diniz e que detém uma participação de 7,3% dentro do free float de 32,6%, apoiou totalmente a transação, de acordo com o fato relevante.

Sobre os minoritários, os analistas acreditam que os acionistas devem ver o prêmio oferecido como atraente, tendo em vista as circunstâncias de mercado.

Vale lembrar que, conforme o comunicado, a relação de troca proposta pelo acionista controlador para o resgate das ações resgatáveis se dará por três opções:

  • Classe A: 100% em dinheiro, com pagamento de R$ 7,70 por ação;
  • Classe B: dinheiro (R$ 3,85) mais ações do Carrefour França;
  • Classe C: 100% de ações do Carrefour França.

Para o BBI, considerando o preço das ações no mercado à vista, a opção do pagamento em dinheiro é a mais atrativa.

“Nas taxas de câmbio euro/real atuais e nos preços das ações da controladora e subsidiária do Carrefour, o pagamento em dinheiro de R$ 7,70 sem contrapartida de ação resgatável renderia o maior ganho de arbitragem relativa em comparação com as outras opções” afirma os analistas.

Para a XP Investimentos, a opção de 100% dinheiro é a mais provável para os acionistas, tendo em conta a menor visibilidade no Brasil sobre a Carrefour França e a dinâmica macroeconômica na região.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório, ponderam ainda que as três opções são atualmente semelhantes do ponto de vista de preço por ação, embora as opções B e C devam variar de acordo com os preços da Carrefour França.

Na visão dos analistas, o negócio deve ser aprovado até o segundo trimestre e, portanto, acreditam que a ação irá negociar com base nas proporções propostas para o negócio. Dessa maneira, cortaram o preço-alvo para o final de 2025 para R$ 7,70.

Segundo o documento enviado ao mercado, a transação oferece aos acionistas um prêmio de 32,4% em relação ao preço médio ponderado por volume (VWAP) das ações da companhia no mês anterior a 10 de fevereiro de 2025 e um prêmio de 27,3% sobre a relação de troca (o resultado da divisão entre o preço por ação do Atacadão e do Carrefour S.A.) assumindo o VWAP para o mesmo período e a taxa oficial de câmbio em 10 de fevereiro de 2025.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.