Carrefour: chances de fusão com Couche-Tard são de 54%, por isso, não compre a ação agora
As ações do Carrefour França (CA) e do Carrefour Brasil (CRFB3) operam em forte alta nesta quarta-feira (13), impulsionadas pela confirmação de que a matriz da varejista negocia uma eventual fusão com a canadense Couche-Tard. Mas, para parte dos analistas, ainda é cedo para festejar e, sobretudo, comprar as ações do Carrefour.
Marco Nardini, Danniela Eiger e Thiago Suedt, da XP Investimentos, estão entre eles. Em relatório divulgado no início desta tarde, o trio reforçou a recomendação neutra para os papéis da subsidiária brasileira do Carrefour, e reafirmou seu preço-alvo de R$ 22 para 2021.
Para se ter uma ideia do impacto da notícia sobre as ações da varejista, às 14h30, elas subiam 4,67% e estavam bem próximas do preço-alvo calculado pela gestora, cotadas a R$ 21,09. Na máxima do dia, até o momento, o Carrefour praticamente empatou com o preço calculado pela XP, ao ser negociado por R$ 21,93. Na mínima, saiu por R$ 20,78.
Prêmio alto
Nardini, Eiger e Suedt atribuem a alta a uma analogia estabelecida pelos investidores. A Couche-Tard estaria oferecendo 20 euros por papel do Carrefour França, o que embute um prêmio de 30% sobre o fechamento de ontem (12).
Como as operações brasileiras representam 20% da receita global do Carrefour, os investidores interpretam que o prêmio ofertado pelos canadenses também mostra que as ações negociadas na B3 (B3SA3) merecem ser melhor precificadas.
Mas, para a XP Investimentos, é preciso cuidado com a euforia. A gestora lembra que o mercado atribui, neste momento, 54% de chances de que o negócio seja consumado. “Entendemos que há um risco da transação não ocorrer, o que poderia levar a uma correção das ações do Carrefour dos níveis atuais”, alertam os analistas.
Ressalvas
Eles acrescentam que as ações da Couche-Tard caem com a mesma intensidade com que as do Carrefour sobem, indicando que o mercado não gostou da ideia, pelo lado da canadense. Primeiro, porque a empresa é especializada em lojas de conveniência, e a migração para formatos de super e hipermercados não é óbvia para seu modelo de negócios.
Segundo, porque não estão tão claras as sinergias que a Couche-Tard poderia capturar com a fusão com o Carrefour, tanto pelo mix de produtos de cada varejista, quanto pela sua distribuição geográfica, que reduziria o potencial de ganhas com a logística, por exemplo.