Carol Souza e Kaká Furlan: quarentena cripto – um relato de usabilidade do bitcoin em casa
Como podemos fazer para aceitar criptomoedas como pagamento no nosso negócio? Foi a partir dessa curiosidade que, no final de 2018, começamos a buscar informações sobre o uso das criptos no dia a dia.
Para nossa surpresa, a maioria dos canais de conteúdo que existiam no Brasil na época pouco mencionava a usabilidade (meio de troca) como uma das características do bitcoin. Havia um gap gigantesco ali.
Se queríamos entender mais sobre usabilidade de forma prática e encontramos algumas barreiras, certamente mais pessoas também estavam com essa mesma dificuldade. Foi assim que demos o start nos estudos sobre criptomoedas e não paramos mais.
Esse assunto é apaixonante! Depois que você começa a entender o real propósito da existência do bitcoin e as mudanças que essa tecnologia traz para a sociedade, é difícil voltar a pensar como antes.
O cérebro se expande para um novo nível de consciência de como funciona a economia, de como funcionam as relações institucionais e de como nós, sociedade, estamos entranhados nesse emaranhado de burocracias e ineficiências do sistema monetário atual.
Se existe um sistema financeiro vigente do qual não gostamos e não acreditamos, por que se manter dentro dele? Se existe uma solução para vivermos uma vida melhor, com mais autonomia e liberdade, devemos optar por ela.
E é nesse ponto que o bitcoin surge como um chamado para despertar as pessoas para a verdadeira liberdade financeira. E foi assim que decidimos — inicialmente como um desafio e, agora, permanentemente — fazer a transição do sistema fiat (fiduciário) para viver totalmente no sistema cripto.
Quando falamos que usamos bitcoin no nosso dia a dia, duas reações sempre aparecem: “Vocês são malucas! Eu quero é acumular BTC e não gastar!” e a outra é “Como vocês fazem isso?”. Portanto, vamos explorar cada uma delas a seguir. Vem com a gente…
“Eu quero é acumular BTC, e não gastar!”
Bitcoin é um ativo escasso, com tendência de alta no longo prazo, vai na contramão de qualquer outro ativo atrelado à economia tradicional e, por essas e outras, os bitcoiners mais fervorosos não querem abrir as suas wallet de jeito nenhum.
Por mais que no próprio whitepaper do bitcoin esteja escrito “um sistema de pagamentos eletrônico ponto a ponto”, o mundo inteiro acumula bitcoins aguardando a sua valorização em vez de gastá-los. É a boa e velha especulação.
Isso é totalmente compreensível, dados os incentivos de manter o ativo como investimento de longo prazo. Até por isso, nós também “hodlamos” nossos preciosos satoshis. Mas acreditamos que usar o bitcoin (e as demais criptos) é justamente o que vai acelerar o processo de adoção e trazer maior visibilidade para as criptomoedas, as evidenciando como um novo sistema financeiro.
Quanto mais as usarmos, mais estimularemos novos comerciantes a aceitarem-nas como meio de pagamento e, consequentemente, mais pessoas entrarão no que gostamos de chamar de “toca do coelho do bitcoin”. Além disso, usar bitcoin é valorizar toda a criptoeconomia.
Preferimos pagar a taxa do minerador e contribuir com quem empreende nesse novo ecossistema a gastar com tarifas e mais tarifas para os bancos, que só contribuem para a manutenção de um sistema econômico falido.
Se existe o movimento “compre do pequeno”, por que não iniciar o movimento “compre do empreendedor cripto”? Essa é uma forma de educar e despertar a curiosidade de mais pessoas para um novo formato de vida, com mais autonomia, liberdade e transparência em relação ao dinheiro.
Afinal, será que o tão aguardado “to the moon” (preço do bitcoin nas alturas, caso desconheça a expressão) não tem a ver com a chegada dos criptoativos ao mainstream? Acreditamos que há uma forte ligação entre essas duas variáveis.
Agora vamos à segunda pergunta…
“Como vocês fazem isso?”
A nossa estratégia para encontrar lugares “crypto-friendly” envolve muita pesquisa. Acessamos sites de busca, falamos com pessoas, buscamos em fóruns na internet, entramos em contato com os estabelecimentos e, por fim, confirmamos todas as informações.
É extremamente comum encontrarmos estabelecimentos que, ao que tudo indicava, pareciam ser crypto-friendly mas, para a nossa surpresa, ao chegarmos lá ou ao contatá-los para verificar se era possível ou não pagar com cripto, o lugar já não aceitava mais essa forma de pagamento.
A solução é manter a nossa lista de lugares sempre atualizada e confirmar a disponibilidade de pagamento nos novos estabelecimentos.
Nesta quarentena, mesmo com tudo fechado, estamos conseguindo manter a nossa meta de viver pagando em cripto.
Nossas compras de supermercado são feitas utilizando um cartão pré-pago que é carregado com cripto e as aulas de inglês também estão sendo pagas em bitcoin. O detalhe é que nosso professor mora na Lituânia!
Em questão de poucos minutos, o pagamento em bitcoin chega na carteira do nosso professor que está na Europa. Incrível, não é mesmo?
E tem mais. Para nossa surpresa, esses dias tivemos uma nova descoberta: uma loja de equipamentos de audiovisual que aceita bitcoin e outras criptos na nossa cidade.
Aos poucos está nascendo uma nova economia e uma nova forma de consumo dentro da sociedade. As criptomoedas ultrapassam a barreira física, de forma que não é preciso estar presente para realizar pagamentos.
Além disso, elas rompem as fronteiras, facilitando a contratação de serviços de outras nações pela internet. Ou seja, podemos consumir de qualquer empreendedor, em qualquer lugar do mundo, e o melhor de tudo é que o pagamento chega às mãos do destinatário em questão de minutos.
Acreditamos que a era do dinheiro sem fronteiras e da economia livre de inflação está cada vez mais próxima. A usabilidade fará a roda cripto girar e trará as evoluções para esse ecossistema.
No final das contas, o que falta é que as pessoas percebam o poder transformador dessa nova e fascinante classe de ativos e participem efetivamente dessa nova economia.
Por aqui já estamos fazendo a nossa parte. Que tal fazer a sua?
O UseCripto é um projeto de educação financeira descentralizada e estilo de vida cripto, que tem como objetivo ajudar as pessoas a entenderem sobre esse novo sistema monetário baseado em tecnologia e liberdade. O projeto nasceu no início de 2019 e é liderado por Carol Souza e Kaká Furlan, que são empreendedoras e users de criptomoedas.