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Caro e arriscado: Veja por que os analistas não recomendam o IPO da C&A

18 out 2019, 21:13 - atualizado em 19 out 2019, 2:19
C&A
A varejista de moda rápida apresentou um prospecto para seu IPO que destina cerca de 94% dos recursos levantados direto para seu controlador (Imagem: Bloomberg)

Por Investing.com

O IPO da C&A não animou as principais casas de research que viram uma oferta muito benéfica ao controlador e resultados operacionais fracos. Apenas a Eleven recomenda compra, desde que saia até o piso da faixa de preços. Suno, Levante, Nord e Capital Research sugerem que seus clientes fiquem de fora da oferta.

A varejista de moda rápida apresentou um prospecto para seu IPO que destina cerca de 94% dos recursos levantados direto para seu controlador.

Das 82,2 milhões de ações que serão entregues na oferta base, 32,9 milhões, ou 40%, será de oferta secundária, quando o próprio acionista vende seus papéis para embolsar lucro. Dos 60% restantes, quase a totalidade será utilizada para saldar dívidas da C&A contraídas com seu controlador.

Ao final, apenas R$ 86 milhões de uma oferta de R$ 1,5 bilhão será utilizado para expansão e abertura de novas lojas.

“Chama a atenção como ponto negativo que a maior parte dos recursos vai para o controlador”, avalia Rodrigo Wainberg, analista da Suno Research, que recomenda que os investidores fiquem de fora do IPO.

Na mesma linha, Ernani Reis, analista da Capital Research concorda que a oferta não é atraente, pois foco principal não é expansão. A casa não recomenda participações em ofertas iniciais.

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“Existem empresas com uma melhor capacidade de execução e crescimento como Lojas Renner e Guararapes, que possui a rede Riachuelo”, escreveu Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante

Operacional fraco

Além da destinação dos recursos, a área operacional da C&A também é colocada em xeque pelos analistas.

“Existem empresas com uma melhor capacidade de execução e crescimento como Lojas Renner (LREN3) e Guararapes, que possui a rede Riachuelo (GUAR3)”, escreveu Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante.

A C&A registrou um número estável de lojas nos últimos quatro anos, com um crescimento de receita líquida de 8,1% entre 2016 e 2018. Em levantamento feito pela Eleven Reseach, a companhia fica atrás dos 19,7% da Riachuelo e os 28,5% da Renner, benchmark do setor, em igual período.

Nas vendas em mesmas lojas, um indicador importante para o varejo, a C&A também mostra sinais de que a recuperação ainda não começou. As vendas subiram apenas 2,5% no ano passado, contra 2017, e 2,8% no primeiro semestre de 2019, ante igual período de 2018.

A margem da C&A também está bem atrás das duas líderes do setor. Com 49% de margem bruta, a varejista perde para os 53% da Riachuelo e 57% da Renner.

“Não tem clareza de qual a estratégia de crescimento e abertura de loja. Está tudo vago. Não é igual a Renner que deixa tudo bastante claro”, avalia Wainberg da Suno.

A área digital da C&A também segue atrás da concorrência. Apenas 2,4% das compras vêm do online. O click-and-collect, quando o cliente compra online e retira na loja, o que aumenta as chances de mais vendas na loja física, fica na casa dos 17%, comparado à 25% da Guararapes e 27% da Renner.

“Ou seja, o futuro é digital, mas o presente ainda não é”, avalia Rafael Rafazi da Nord Reserch. A casa também recomenda que os clientes fujam do IPO da C&A. “Não caia nas armadilhas do bull market”, completou.

Nas contas da Eleven, o preço-alvo fica em R$ 22,10 (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

IPO caro para o varejo

No valuation da Levante, Eduardo Guimarães calcula um preço/lucro de 20,1x em 2020 se o IPO sair no ponto médio de R$ 18,25 por ação. “Múltiplo elevado se comparado às empresas Lojas Renner (26,5x) e Guararapes (17,0x)”.

Nas contas da Eleven, o preço-alvo fica em R$ 22,10, upside de 34% no piso de R$ 16,50 da faixa de preços. “Consideramos a entrada no IPO atraente apenas na faixa inferior do intervalo de, em função do nível de risco envolvido”, escreveu a analista Giovana Scottini.

Calendário do IPO da C&A

Para quem quiser participar, termina nesta quarta-feira, 23, o período de reserva das ações CEAB3. O investimento mínimo é de R$ 3 mil e o máximo de R$ 1 milhão. Não há lock-up ou preferência de distribuição no varejo. Veja aqui o resumo do IPO da C&A.

Anote as principais datas na sua agenda:

14 de outubro – Início do período de reserva

23 de outubro – Final do período de reserva

24 de outubro – Precificação do IPO

28 de outubro – Início de negociação na B3.

A oferta de ações da C&A será comandada pelo Morgan Stanley, que também será o agente estabilizador. Coordenam a oferta, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citigroup, Santander e XP.