Carne no Prato: Entenda projeto que está em estudos no governo Lula
O projeto “Carne no Prato“, ou o “vale carne”, está em estudos pelo governo do presidente Lula. A ideia defendida por pecuaristas visa a criação de um voucher que permita às famílias carentes a compra de carne bovina.
O programa tem expectativa de beneficiar até 19,5 milhões de pessoas, caso venha a sair do papel. O voucher teria o valor de R$ 35 reais, o suficiente para a compra de ao menos 2 quilos de carne ao mês por família, de acordo com Guilherme Bumlai, pecuarista defensor do projeto.
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“Eu acho que tem que passar pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que cuida de segurança alimentar e nutricional. Tem que passar pelo crivo da Casa Civil. Para se tornar uma política pública, requer uma peneira, uma avaliação.”, explicou Paulo Teixeira, ministro do desenvolvimento agrário e agricultura familiar, ao jornal Estado de São Paulo.
O projeto pretende abranger apenas as famílias inscritas no Cadastro Único dos Programas Sociais do governo federal (CadÚnico), assim como os que recebem o Bolsa Família. Os vouchers distribuídos seriam exclusivamente para a compra de carne bovina em supermercados e açougues conveniados às famílias cadastradas.
Questionado pelo IstoÉ, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) informou o recebimento da proposta do programa.
Os contras do projeto
Atualmente, o principal entrave para o seguimento do programa é o financeiro. No momento, o aval do Ministério da Casa Civil e o Ministério da Fazenda permanecem resistentes. Isso se dá pelo alto impacto fiscal, sendo que a prioridade tem sido equilibrar as contas públicas e cumprir a meta de zerar o déficit em 2024.
Se cada família inscrita no Bolsa Família recebesse mais R$ 35 para a compra de carne, o custo total do programa seria de R$ 8,8 bilhões adicionais ao ano aos cofres públicos. De acordo com os dados do ministério, em janeiro deste ano, o Bolsa Família atingia cerca de 21 milhões de lares no Brasil.
Benefícios
Segundo a Acrissul, se o programa fosse implementado, a nova demanda envolveria 475 mil toneladas de carne bovina por ano – duas vezes e meia a quantidade exportada pelo Mato Grosso do Sul no ano passado, de 174 mil toneladas. A previsão é que o projeto crie demanda por mais 2,3 milhões de cabeças de gado ao ano.
Além disso, a associação atribuiu a sugestão do “carne no prato” à queda do consumo de carne no Brasil, que teve o menor nível em 20 anos, em 2023.