Meio Ambiente

Carne de baixo metano é alívio temporário em batalha climática

19 jul 2020, 18:00 - atualizado em 17 jul 2020, 14:28
Carnes
A carne, com oferta limitada, vem de vacas que são alimentadas com capim-limão para reduzir o impacto atmosférico de seus arrotos carregados de metano (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Carne com baixas emissões de metano já é realidade. No início desta semana, a rede de fast-food Burger King apresentou um hambúrguer ecológico que planeja oferecer em alguns restaurantes nos Estados Unidos.

A carne, com oferta limitada, vem de vacas que são alimentadas com capim-limão para reduzir o impacto atmosférico de seus arrotos carregados de metano.

É um primeiro passo no que pode se tornar uma corrida para colocar rótulos de baixo carbono em carnes. Se as emissões da produção de eletricidade e transporte forem controladas um dia, o impacto ambiental da agricultura – que representa mais de 9% das emissões dos EUA diretamente – pode se tornar a próxima frente no combate para desacelerar o aquecimento global.

Da fazenda ao prato, a cadeia de suprimentos agrícola e pecuária responde por mais de 30% das emissões de gases de efeito estufa, segundo algumas estimativas.

E a carne é um dos produtos mais prejudiciais do setor quando se trata de crise climática.

No entanto, os hambúrgueres de baixa emissão são um “quebra-galho”, como usar energia renovável para extrair petróleo e gás.

Uma melhor maneira de reduzir o metano com origem na produção de carne é evitá-la em primeiro lugar. Até recentemente, isso era muito mais fácil de fazer no corredor do supermercado do que no portfólio.

As emissões agrícolas estão presentes em quase todas as estratégias de investimento.

De 2015 até este ano, empresas globais de carne e laticínios receberam um total de US$ 478 bilhões em apoio financeiro de mais de 2,5 mil entidades incluindo os maiores bancos, credores e fundos de pensão do mundo, de acordo com relatório publicado neste mês pelo grupo britânico Feedback.

“Para o espaço de grande capitalização, não há empresas veganas, então a única maneira de abordar isso é com base na exclusão”, disse Claire Smith, diretora-presidente da Beyond Investing, que criou o índice para o primeiro fundo de índice vegano do mundo, o VEGN.

O fundo, que analisa ações de combustíveis fósseis, crueldade com animais e danos à vida selvagem, superou o índice S&P 500 desde seu lançamento, em setembro passado.

O índice também tem um perfil mais baixo do que a maioria dos fundos ESG em termos de emissões de carbono, geração de resíduos e consumo de água doce.

É mais fácil ser um investidor vegano que apoia startups de proteína alternativa em estágio inicial nos mercados privados, mas é preciso capital para isso, então Smith também olha para empresas de alimentos à base de plantas de financiamento coletivo.