Carne bovina deve subir no supermercado mesmo com boi a rodo; China é solução ou problema?
O mercado do boi gordo convive com um cenário de oferta elevada de animais, em função do ciclo positivo do gado em 2023, que implica em uma queda de 30% no preço da arroba ao longo do ano.
Apesar da forte queda nos preços do boi gordo, os repasses desse recuos para carne bovina no atacado e no varejo ocorrem com menor intensidade, com declínios em torno de 18% e 10%, respectivamente.
De acordo com Felipe Fabbri, analista de proteína animal na Scot Consultoria, os preços devem subir no varejo em função de uma maior demanda da população.
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“A China deve adquirir bons volumes entre setembro e novembro, meses que eles compram mais. Os dados de exportação da Secex indicam que estamos com uma média diária de 15 mil toneladas exportadas por dia em setembro, números surpreendentes”, diz.
Fabbri explica que está previsto um aumento da renda per capita da população brasileira no fim de 2023.
“Com a entrada do 13º salário, empregos temporários e bonificações, a renda per capita tende a ser maior nos próximos meses, aquecendo o consumo em meio a um cenário de oferta menor. Assim, esse avanço do consumo deve influenciar nos estoques de carne bovina que temos hoje, a depender do quanto será absorvido. No entanto, pensando na estratégia do varejo, ele deve trabalhar de forma mais firme”, conclui.
China pode resultar em menores preços no fim de 2023?
Wagner Yanaguizawa, analista econômico de proteína animal no Rabobank, explica que os preços da carne bovina exportada pelo Brasil à China derreteram mais de 26% em um ano.
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“A queda dos preços no mercado externo é reflexo da desvalorização do gado vivo no mercado interno. A China sabe do momento que estamos passando e aproveita para pressionar os preços de importação para conseguir a melhor cotação possível”, explica.
“Entendo que existe espaço para maiores quedas nos preços de exportação, mas o momento em termos de demanda é mais positivo pro mercado externo do que para o mercado doméstico. Sazonalmente, o Brasil exporta mais no segundo semestre, o que também limita maiores quedas de preços”.