Economia

Carnaval e volta às aulas fizeram IPCA dançar: Inflação vem acima do esperado; veja o que dizem os especialistas

12 mar 2024, 13:27 - atualizado em 12 mar 2024, 13:27
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O IPCA, inflação oficial do Brasil, subiu 0,83% em fevereiro e acumula alta de 1,25% no ano (Imagem: Getty Images/Canva)

A inflação do segundo mês de 2024 registrou 0,41 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de janeiro (0,42%), vindo acima das expectativas de alguns analistas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCAsubiu 0,83% em fevereiro e 1,25% no ano.

Dos nove grupos do IPCA, sete registraram alta em fevereiro, com destaque para educação — que registrou a maior variação (4,98%) e o maior impacto (0,29 p.p.).

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IPCA de fevereiro fica acima do esperado

Vindo acima do esperado por alguns analistas, as altas ficaram concentradas no setor de educação, devido aos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo.

“O aumento significativo em fevereiro já era esperado e foi impulsionado principalmente pelos aumentos nas mensalidades escolares e pelo aumento do ICMS sobre a gasolina no início do mês”, frisa o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, aponta que “os cursos regulares, em particular os de número 6 e 13, tiveram um impacto relevante, com o índice educacional alcançando 4,98% acima da inflação do ano anterior”.

Ele ainda aponta que essa tendência é uma inércia inflacionária no início do ano, com muitos setores baseando seus reajustes em índices passados. Sendo assim, “pode representar um desafio para o Banco Central no médio e longo prazo”, completa.

Na visão de Mario Mesquita e Luciana Rabelo, economistas do Itaú BBA, a inflação “veio ligeiramente acima do esperado, mas concentrado em itens que não fazem parte do núcleo de inflação (alimentação e administrados)”.

“O qualitativo dessa divulgação, no entanto, foi melhor do que o esperado, com surpresa baixista em industriais subjacentes e serviços subjacentes”, completa.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, “apesar do headline ter surpreendido o mercado para cima, avaliamos a abertura como positiva para o Brasil, ainda que não seja nenhum game change para a condução da política monetária”.

“Dos núcleos, depois de algumas observações qualitativamente ruins que geraram preocupação na dinâmica das agregações, destacamos que tivemos uma boa surpresa com serviços subjacentes que variaram apenas 0,42% ante 0,58% estimados. Adicionalmente, a variação da média dos núcleos subiu apenas +0,49%, ante +0,57% projetados por nós”, diz.

O que esperar da Selic?

Em publicação em sua rede social no X, André Perfeito reitera o cenário em 9,75% ao fim do ciclo: “Mantenho 9,75% ao final do ciclo (mercado projeta 9%)”.

Segundo Gustavo Cruz, da RB Investimentos, “é provável que o Banco Central mantenha sua política de cortes de 0,5 [ponto percentual] neste mês, seguindo um ritmo de redução gradual a cada duas reuniões, ao longo da primeira metade do ano”.

Já para o especialista Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, um aumento na inflação nos EUA pode influenciar as decisões sobre a taxa Selic no Brasil.

“Se a inflação nos EUA resultar em um aumento nas taxas de juros globais, o Banco Central do Brasil pode considerar ajustes na taxa Selic para mitigar possíveis pressões inflacionárias domésticas e manter a estabilidade econômica”, frisa.