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Carnaval é a ‘risca no chão’ para o etanol ficar mais caro com a perda da vantagem tarifária da gasolina

11 fev 2023, 9:53 - atualizado em 11 fev 2023, 12:06
Combustíveis
Alta do etanol relacionada a volta dos impostos, com impacto maior sobre a gasolina, ainda não acontece (Imagem: Freepik)

O movimento da cadeia do etanol ainda não registra factualidades condicionadas à perda de competividade que a gasolina terá a partir de 1º de março. O peso no negócio entre usinas e destilarias de milho, distribuidoras e postos está preso ao dia a dia.

Pode até haver a convicção no setor que de fato o governo não irá prorrogar mais a isenção do PIS/Cofins e Cide, tirando a vantagem tributária que o derivado de petróleo carrega hoje em torno de R$ 0,70 a menos por litro. Mas se isso está mesmo presente, como acredita o trader Martinho Ono, só vai ser visto após o Carnaval.

Aí, sim, se espera que os agentes salgarão os preços do hidratado em antecipação à perda de competitividade da gasolina.

O tamanho desse colchão de margem que vai ser feito poderá até ser acima das expectativas, porque a depender do consumo do etanol durante o feriadão, a necessidade de reposição dos estoques elevará mais os preços de frente para trás na cadeia.

E Ono, CEO da SCA Trading, já vê que a busca por etanol também deverá ser mais expressiva nestes próximos dias até que os brasileiros saiam para as estradas na sexta que vem.

Ou seja, o movimento de valorização do etanol a partir das usinas já vai se refletir a partir de segunda, e deverá reverter a queda dos preços no acumulado de segunda a ontem de 2,18% que elas foram obrigadas a oferecer, segundo os cálculos do Cepea. O litro na indústria ficou em R$ 2,64.

Mesmo porque, ainda de acordo com Martinho Ono, embora as usinas e destilarias cortaram os preços no acumulado semanal, as distribuidoras foram aumentando nas vendas aos postos desde quarta-feira, com uma leve reduzida na sexta.

Tanto que a redução do preço na bomba durante os últimos cinco dias úteis foi desprezível, de R$ 0,02 (0,5%), ficando em R$ 3,80 na média nacional em dados da ANP, enquanto a gasolina caiu 0,8%, para R$ 5,08.

As distribuidoras estavam com estoques mais baixos, feitos a preços mais caros nas semanas anteriores mas não compraram mais das indústrias, o que deverá começar a ocorrer, portanto, a partir desta semana, como o dono da SCA Trading explicou.

Vale aqui outro registro. As informações da última quinzena de janeiro da Unica, a associação dos usineiros, mostram aumento das vendas de etanol hidratado, com produção no período com boa dose de biocombustível de milho, que puxaram uma alta de 8,83% no mês, com a marca de 997,8 milhões de litros.

Mas, por óbvio, o registro da Unica é de comercialização às distribuidoras.