Cargill ressalta importância de contratos diante de temores com safra no Brasil
A importância do cumprimento de negócios com soja feitos antecipadamente foi ressaltada nesta quarta-feira pelo presidente da Cargill no Brasil, em meio a preocupações climáticas para a produção e fortes vendas antecipadas da safra que será colhida no próximo ano.
Paulo Sousa comentou ainda que, se há frustração de safra pelo clima e boa-fé do produtor, o setor em geral não tem problemas em renegociar contratos.
“Quando há boa-fé, há interesse na cadeia (produtiva) de renegociar”, destacou ele, durante evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja) e a empresa de defensivos Corteva.
Mas Sousa também disse que foi importante a Aprosoja reforçar recentemente que produtores devem cumprir seus contratos, para que não haja uma quebra de confiança nos negócios futuros.
“A Aprosoja já lembrou a importância de cumprimento de contratos. Se houver quebra, todos vão pagar, porque há quebra de confiança”, afirmou ele.
“Se há quebra de confiança, há perda de liquidez futura, vai ser ruim para o produtor, para o produtor tirar vantagens nas vendas futuras”, disse ele.
Para o presidente da Aprosoja, Bartolomeu Braz Pereira, é necessário que empresas busquem entender o agricultor quando há frustração climática, “porque produtores querem cumprir seus negócios”.
Ele admitiu que poderá ocorrer algum problema climático com impacto nos negócios, mas ressalvou que é muito cedo para comentar eventuais dificuldades.
Pereira citou que os produtores já comercializaram cerca de 65% de sua safra de soja de 2021, além de 15% da produção de 2022, aproveitando o impulso dado pelo câmbio mais cedo neste ano.
Ele não especificou se as vendas se referem a Brasil. Mas, conforme dados divulgados nesta semana pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) sobre vendas em Mato Grosso, o Estado que costuma antecipar mais seus negócios, indicam que 66,45% da safra de Mato Grosso do ano que vem havia sido vendida até novembro.
Esse alto índice de vendas antecipadas acentua preocupações em uma safra em que o clima está irregular.
A safra de soja do Brasil, maior produtor e exportador global, perdeu seu melhor potencial produtivo diante de irregularidade de chuvas em várias regiões, mas ainda está estimada em um recorde de mais de 130 milhões de toneladas, segundo pesquisa da Reuters publicada na última sexta-feira.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse em entrevista nesta quarta-feira, durante o evento, que o problema da seca foi mais localizado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e que as chuvas estão voltando, aliviando preocupações.
“Precisamos pontuar muito bem a seca, ocorreu no Rio Grande do Sul de maneira mais severa, no oeste catarinense. E as chuvas têm vindo, não vieram em momento certo, atrasaram um pouco, mas o clima começa a ocorrer de maneira mais favorável à agricultura”, afirmou a ministra.
Ela acrescentou que o governo tem trabalhado em medidas para apoiar os agricultores mais afetados.
(Atualizada às 11h05)