Ministério da Fazenda

Carf suspende julgamentos por indefinições; Haddad não abre mão de ‘voto de qualidade’

03 fev 2023, 16:56 - atualizado em 03 fev 2023, 16:56
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad insiste na volta do voto de qualidade, medida que desagradou empresários de vários setores

As sessões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) que aconteceriam nos dias 7 a 9 de fevereiro foram suspensas pelo presidente do colegiado. Segundo Carlos Higino Ribeiro de Alencar, a decisão foi tomada para que as negociações entre poderes executivo, judiciário e legislativo sejam finalizadas.

A decisão do governo Lula desagradou empresários. A avaliação é de que, com o voto de qualidade, a maioria das decisões do Carf tendem a favorecer à União. Sem o instrumento, as disputas eram resolvidas sempre favoravelmente aos contribuintes.

Uma Medida Provisória foi publicada restabelecendo o chamado ‘voto de qualidade’, o que desagradou o mercado e representantes de empresas. Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli deu três dias para que o governo esclarece os pontos da medida.

Toffoli é o relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar (provisória), ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra a decisão do governo de voltar com o voto de qualidade, que havia sido eliminado por decisão do Congresso em 2020.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avisou a auxiliares que não vai ceder à pressão de empresários pelo fim “voto de qualidade”.

Incomodados com o retorno do voto de qualidade, empresários se reuniram com Haddad na quarta-feira (1º/2), numa tentativa de negociar um meio termo. Uma das propostas foi para que, em caso de empate, as multas e juros não seriam pagos, restando apenas a dívida em si.

Segundo auxiliares de Haddad, embora não abra mão do voto de qualidade, o ministro sinaliza que pode aderir as outras sugestões, como a do corte de juros e multas. A equipe econômica também estuda o pedido dos empresários para ampliar de 30 para 90 dias o prazo para fechamento de acordos.

Em meio a críticas ao retorno do voto de qualidade, o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) reforçou apoio à Medida Provisória 1.160, que recriou o instrumento no mês passado.

A entidade disse que, só em 2022, o desempate a favor dos contribuintes comprometeu receitas de R$ 25,3 bilhões – que seriam suficientes para o pagamento de 41 milhões de benefícios do Bolsa Família.

“Essa matéria é de suma importância, pois o empate, e por consequência a necessidade do voto de qualidade, acontece justamente nos processos que envolvem as maiores cifras financeiras. Dentre 93 mil processos no Carf, 162 representam R$ 453 bilhões, dos mais de R$ 1 trilhão que temos em estoque aguardando julgamento”, destacou o presidente do Sindifisco, Isac Falcão.