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Captação recorde de fundos de ações compensa saída estrangeira

17 out 2019, 16:42 - atualizado em 17 out 2019, 16:42
Os fundos de ações locais captaram R$ 47,7 bilhões neste ano até setembro, rumo à maior entrada líquida anual desde ao menos 2006 (Imagem: Bloomberg)

Os investidores estão colocando dinheiro nos fundos de ações brasileiros no ritmo mais acelerado em pelo menos uma década, ajudando a alimentar o rali do mercado acionário com melhor performance da América Latina ao longo dos últimos doze meses.

Os fundos de ações locais captaram R$ 47,7 bilhões neste ano até setembro, rumo à maior entrada líquida anual desde ao menos 2006, de acordo com a série histórica da Anbima. Esse movimento ocorre em meio à retirada de recursos por parte dos investidores estrangeiros da bolsa brasileira.

“A captação dos fundos de ações está ligada à queda da Selic, mas esse movimento está muito no começo”, disse Marcos Peixoto, co-chefe de renda variável da XP Asset Management. “É uma tendência que vai durar alguns anos”, disse Peixoto, que tem cerca de R$ 6 bilhões sob gestão.

O Ibovespa já avançou cerca de 20% desde o começo do ano, com o governo brasileiro avançando com uma reforma no sistema previdenciário — um item-chave da agenda do presidente Jair Bolsonaro para colocar as contas públicas em uma trajetória mais sustentável. Com a inflação comportada permitindo que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, investidores estão sendo incentivados a migrar de títulos do governo e da poupança para fundos multimercado e de ações.

O entusiasmo com ações brasileiras, contudo, não é universal. Os investidores estrangeiros já tiraram cerca de R$ 4,1 bilhões de ações brasileiras no ano, contabilizando fluxos do mercado secundário e de ofertas de ações, de acordo com dados da B3. Excluindo as ofertas, a saída no acumulado do ano salta para R$ 30 bilhões — com uma retirada de cerca de R$ 9,9 bilhões apenas nas duas primeiras semanas de outubro.

Os estrangeiros ainda não voltaram a tomar risco, disse Morgan Harting, gestor de recursos da AllianceBerstein em Nova York. “Isso é uma combinação de portfólios globais sendo mais defensivamente posicionados e algum ceticismo sobre o espaço que há para o mercado andar, particularmente com o crescimento da economia ainda bem devagar.”

Os indicadores de atividade têm produzido surpresas majoritariamente negativas neste ano. Economistas projetam um crescimento do PIB deste ano de apenas 0,9%, contra uma estimativa de crescimento de 2,5% no começo do ano.

“Estou muito otimista com os alicerces sendo estabelecidos para crescimento futuro”, disse Will Pruett, gestor da Fidelity, que está overweight em ações brasileiras na América Latina e supervisiona US$ 542 milhões. “Para outros no mercado, evidências tangíveis, como aceleração do PIB, podem ser necessárias.”

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