AgroTimes

Canavieiros de PE bloqueiam uso do CAR sem repasse de 100% pelos CBios; usinas farão nova proposta

09 jun 2021, 9:44 - atualizado em 09 jun 2021, 14:25
Cana de fornecedor pernambucano só vai ser usada nos CBios se usinas integralizarem o repasse (Imagem: REUTERS/Juan Carlos Ulate)

No segundo principal produtor de sucroenergia do Nordeste, Pernambuco, 52% da cana moída nas 13 usinas operantes são de fornecedores independentes. E eles estão bloqueando o uso dos seus dados ambientais por parte das unidades cadastradas no RenovaBio se não for feito o repasse dos Créditos de Descarbonização (CBios) com base em 100% da cana-de-açúcar recebida.

A pendência se arrasta desde que o Sindaçúcar, que representa as indústrias, ofereceu 60% dos CBios, a partir de quando a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) e o Sindicato dos Cultivadores (Sindicape), mais a Feplana (nacional), se mobilizaram, inclusive no Congresso Nacional, onde Projeto de Lei tenta mudar a regra.

E na Justiça. Os usineiros foram notificados que não poderão o Cadastro Ambiental Rural (CAR) sem autorização dos detentores, os canavieiros, segundo a Lei Geral de Proteção de Dados.

Na próxima semana deverá haver uma nova proposta dos usineiros, mas a integralidade pedida não sofrerá retrocesso, adianta Alexandre Lima, presidente da AFCP.

“A nota do CBios melhora de acordo com a certificação ambiental da cana usada na fabricação do etanol. E a nota qualifica o valor pago. Tem melhor pontuação a cana classificada como primária, menor uso de fertilizante e de máquina a base de diesel”, esclarece Lima, que igualmente é presidente da usina cooperada Coaf e da Feplana (entidade nacional).

E para obter uma nota melhor dos CBios e valorizar sua produção pelas regras da RenovaCalc, a calculadora que mede a pegada de carbono do RenovaBio, as usinas são obrigadas a usarem os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de cada um dos 7 mil plantadores, no caso de Pernambuco.

Com a inclusão da cana certificada dos fornecedores, a nota de crédito ambiental aumenta até 30%, segundo estudos da AFCP.

Das 13 usinas de Pernambuco, as três pelo modelo cooperativista se comprometeram a pagar 100% pela cana dos cooperados. A Coaf, já licenciada no Renovabio, e a Agrocan e Coaf Sul que estão em processo de certificação junto à ANP.