Campos Neto reforça que gastos adicionais para lidar com crise seriam contraproducentes
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta segunda-feira a importância de o Brasil transmitir uma mensagem de austeridade fiscal neste momento de enfrentamento da pandemia, ressaltando que gastos adicionais acabam sendo contraproducentes.
“O que nós vemos hoje é que, quando se tenta um gasto adicional, a desorganização de preços que se causa no mercado tem um impacto maior no crescimento do que o dinheiro que se coloca na economia, então ele não é producente”, disse Campos Neto durante reunião de banqueiros centrais ibero-americanos.
O presidente do BC ressaltou que o Brasil tem uma tradição de “sempre exaurir graus de liberdade” na área fiscal e que, nos últimos 45 anos, só teve dois anos de equilíbrio de gastos.
“Nos outros anos nós basicamente usamos diferentes graus de liberdade. Primeiro com inflação alta, que corroía a dívida, depois com impostos mais altos e depois com emissão de dívida”, disse Campos Neto.
“No final das contas nós chegamos em um momento hoje, enfrentando a pandemia, em que é preciso passar uma mensagem de austeridade fiscal, de seriedade fiscal.”
Nesse contexto, é difícil imaginar que o Brasil e outros emergentes tenham a mesma capacidade de formular políticas de reação à crise do que países desenvolvidos. “Nós gostaríamos, mas o espaço é muito limitado”, disse Campos Neto.