Economia

Campos Neto reconsiderou sobre solução para rotativo? Veja falas do presidente do BC

18 ago 2023, 12:44 - atualizado em 18 ago 2023, 12:44
cartão de crédito
Campos Neto falou sobre o assunto em entrevista e mudou o tom do discurso (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mudou o tom de seu discurso acerca do rotativo do cartão de crédito e parcelamento sem juros.

Em entrevista concedida ao portal Poder360, Campos Neto afirmou que nenhum dos envolvidos no debate sobre o assunto quer que as decisões tomadas tenham impacto abrupto no consumo da população, um dos principais pontos negativos levantados por entidades e até mesmo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Ninguém quer criar nenhum tipo de ruptura que possa causa impacto para as pessoas”, afirmou.

O presidente do BC trouxe ao discurso um tom diferente, ao pontuar que a ideia não é acabar com a modalidade do parcelado, mas sim encontrar meios de evitar o crescimento desenfreado.

Ainda, destacou o parcelamento de compras sem juros como “muito importante” para a atividade econômica. “Ninguém propôs em nenhum momento acabar com o parcelado. A ideia que estava sendo discutida é como posso fazer para que isso não continue crescendo de forma desenfreada. Ou seja, tenha um desincentivo marginal ao parcelamento muito longo”, disse.

“Do outro lado, também tem muita emissão de cartão. Existia a ideia de que, se tabelar os juros, acabo controlando a emissão de cartões”, ponderou.

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Haddad é contra ideia defendida por Campos Neto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem seu posicionamento na queda de braço envolvendo crédito rotativo e o parcelamento sem juros no cartão de crédito.

Haddad é contra alterar as regras do parcelamento sem juros, possibilidade mencionada por Campos Neto. O ministro acredita que isso poderia prejudicar lojistas e consumidores.

“Nós herdamos uma taxa de juros absurda do rotativo e vamos ter que equacionar, mas [a solução] não passa por prejudicar o consumidor que está pagando as contas em dia.”

Sugerido pelos bancos como opção para reduzir as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito, o fim das compras parceladas sem juros coloca de lados opostos as instituições financeiras e o comércio.

Haddad pontua que os bancos precisam apresentar dados que justifiquem a necessidade de restringir o parcelamento, o que ainda não foi feito.

Na entrevista ao Poder360, Campos Neto destacou que nenhuma decisão foi tomada até o momento. Dessa maneira, o tema segue em discussão entre diversos setores.

“O BC fornece o aspecto técnico, o Congresso vê qual é a viabilidade política daquilo e o Ministério da Fazenda está trabalhando na ligação entre o que é o puro técnico e o que é o técnico viável de ser aprovado no Congresso.”

Entenda o debate

O assunto veio à tona quando, durante sessão no Senado na última semana, Campos Neto afirmou que estava em estudo proposta para extinção do rotativo, que conta com uma taxa de 454% ao ano, além de ter mencionado mudanças sobre o parcelamento sem juros.

Segundo ele, os clientes que não quitassem a fatura do cartão de crédito entrariam automaticamente em um parcelamento, com juros em torno de 9%.

“A solução está se encaminhando para que o cliente não vá para o rotativo. Que vá direto para o parcelamento. Extingue o rotativo e quem não paga o cartão vai direto para um parcelamento com taxa ao redor de 9%. E a gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse tipo de parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros”, disse Campos Neto em audiência no Senado.

Na terça-feira (15), o presidente do BC reafirmou a defesa de mudanças nas atuais regras de cartões de crédito, justificando que esse produto está com uma função “maior do que deveria ter” no mercado brasileiro ao representar 40% do consumo, tendo taxas de inadimplência que chegam a 52%.

* Com Reuters e Agência Brasil