Economia

Campos Neto rebate críticas de Lula sobre atuação do BC; ‘falta de compreensão sobre regras do jogo’

22 maio 2023, 14:44 - atualizado em 22 maio 2023, 14:44
Roberto Campos Neto
Presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de seminário nesta segunda (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abordou a situação atual da inflação brasileira durante um seminário promovido pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (22).

Segundo ele, há evidências de uma desaceleração, porém, o núcleo dos preços ainda permanece alto e as expectativas de alta dos preços continuam elevadas.

Campos Neto também mencionou as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sugeriu que elas podem indicar uma falta de compreensão sobre “as regras do jogo” no processo de autonomia da autarquia. Ele defendeu a autonomia do Banco Central e ressaltou a importância de separar as decisões da autoridade monetária da personalização de um indivíduo.

“A gente vê uma desaceleração da inflação grande, o núcleo tem desacelerado, mas está em 7,3%, que é um número bastante alto, muito alto, muito acima da meta”, afirmou o presidente do BC.

Inflação na visão de Campos Neto

Ele também mencionou as preocupações com as expectativas de inflação de longo prazo, que permanecem em torno de 4% e são persistentes. Campos Neto atribuiu esse cenário à incerteza em relação à nova meta de inflação do Brasil, preocupações fiscais que estão sendo abordadas e tensões entre o governo e o BC, que, segundo ele, minam a credibilidade da autoridade monetária.

Ao abordar a dinâmica entre receitas e despesas, o presidente do BC afirmou que a proposta de arcabouço fiscal eliminou completamente o risco de a dívida pública sair de controle, mas destacou a preocupação com a relação entre esses dois fatores.

O presidente do Banco Central elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltando os esforços realizados mesmo em meio a oposições internas. Ele reiterou que as regras fiscais têm impacto direto nas expectativas dos agentes econômicos e fornecem espaço para o Banco Central atuar.

Sobre as críticas de Lula, o presidente do BC afirmou: “É feito exatamente para você ter esse ‘checks and balances’, esse equilíbrio, que é a regra do jogo. Acho que a personificação de uma pessoa demonstra falta de conhecimento do processo que foi instalado e do amadurecimento institucional que o Banco Central está passando”.

Ele acredita que, com o tempo, esses aspectos ficarão mais claros tanto para a sociedade quanto para o Executivo.

Com informações de Reuters


Zeca Ferreira é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.

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