Campos Neto rebate críticas de Lula sobre atuação do BC; ‘falta de compreensão sobre regras do jogo’
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abordou a situação atual da inflação brasileira durante um seminário promovido pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (22).
Segundo ele, há evidências de uma desaceleração, porém, o núcleo dos preços ainda permanece alto e as expectativas de alta dos preços continuam elevadas.
Campos Neto também mencionou as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sugeriu que elas podem indicar uma falta de compreensão sobre “as regras do jogo” no processo de autonomia da autarquia. Ele defendeu a autonomia do Banco Central e ressaltou a importância de separar as decisões da autoridade monetária da personalização de um indivíduo.
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“A gente vê uma desaceleração da inflação grande, o núcleo tem desacelerado, mas está em 7,3%, que é um número bastante alto, muito alto, muito acima da meta”, afirmou o presidente do BC.
Inflação na visão de Campos Neto
Ele também mencionou as preocupações com as expectativas de inflação de longo prazo, que permanecem em torno de 4% e são persistentes. Campos Neto atribuiu esse cenário à incerteza em relação à nova meta de inflação do Brasil, preocupações fiscais que estão sendo abordadas e tensões entre o governo e o BC, que, segundo ele, minam a credibilidade da autoridade monetária.
Ao abordar a dinâmica entre receitas e despesas, o presidente do BC afirmou que a proposta de arcabouço fiscal eliminou completamente o risco de a dívida pública sair de controle, mas destacou a preocupação com a relação entre esses dois fatores.
O presidente do Banco Central elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltando os esforços realizados mesmo em meio a oposições internas. Ele reiterou que as regras fiscais têm impacto direto nas expectativas dos agentes econômicos e fornecem espaço para o Banco Central atuar.
Sobre as críticas de Lula, o presidente do BC afirmou: “É feito exatamente para você ter esse ‘checks and balances’, esse equilíbrio, que é a regra do jogo. Acho que a personificação de uma pessoa demonstra falta de conhecimento do processo que foi instalado e do amadurecimento institucional que o Banco Central está passando”.
Ele acredita que, com o tempo, esses aspectos ficarão mais claros tanto para a sociedade quanto para o Executivo.
Com informações de Reuters
Zeca Ferreira é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.