Campos Neto quer cautela em cortes de juros: ‘Estou acostumado a críticas’; confira
A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) movimentou o mercado com uma redução nos cortes de juros mais lenta do que o esperado e também com uma divisão entre os diretores do Banco Central.
Na ocasião, a autoridade monetária reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, depois de seis reajustes de 0,50 pp, levando a taxa básica de juros para o patamar de 10,50% ao ano.
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Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Roberto Campos Neto, presidente do BC, defendeu a decisão da direção, que optou pela redução na velocidade por 5 votos a 4.
“A gente vai fazer o que achar que é certo e vamos explicar. A decisão é tomada com as informações que temos no dia. Estou acostumado a críticas e não influenciam em nada minha decisão”, afirmou Campos Neto, quando perguntado sobre as críticas que podem ser observadas caso o Banco Central decida interromper os cortes.
“Não posso adiantar novos cortes. Precisamos de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar”, complementou.
Campos Neto reiterou caráter técnico da reunião
Ele também destacou que a conversa sobre diminuir o ritmo — de 0,50 pp para 0,25 pp — já havia ocorrido, com a divergência maior ocorrendo na hora de pensar se as “condicionantes” do cenário seriam suficientes para justificar um corte menor.
“O que é importante é passar a mensagem que a reunião é técnica, o debate é técnico, e opiniões divergentes fazem parte”, afirmou ao Estadão.
Entre os motivos que basearam a decisão, estão: inflação corrente e expectativas para a mesma, Relatório Focus e inflação implícita, cenário externo, que também influencia o preço do petróleo, com a iminente reconstrução do Rio Grande do Sul e o que isso irá significar para a inflação e o crescimento do país também entrando no radar.
Campos Neto também reiterou a necessidade de modernização administrativa e financeira do Banco Central, baseada, para ele, em um movimento de inovação e necessidade de modernização.
Petrobras pode influenciar cortes de juros?
A Petrobras (PETR4), com a recente demissão de Jean Paul Prates, agora ex-presidente da estatal, também é alvo das atenções do presidente do Banco Central, com a influência do evento na inflação implícita, câmbio, expectativa de inflação e prêmios longos.
“Será que vai se transformar numa expectativa de que o preço do combustível vai ser artificialmente baixo e terá uma conta na frente, se transformando num problema fiscal? Isso a gente precisa ver”, afirmou.
Ele também complementou ao jornal com “Qualquer notícia que cause incerteza no mercado em relação a variáveis macroeconômicas que são importantes para a nossa tomada de decisão tem efeito, mas não sei se vai ser o caso”.