Campos Neto não se anima com inflação dentro da meta; mercado aposta corte na Selic em agosto
Ontem, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu o mercado ao apontar para uma desaceleração da inflação.
No acumulado em 12 meses até março, a inflação caiu de 5,60% para 4,65%. Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%. É a primeira vez que o acumulado volta para as bandas da meta desde fevereiro de 2021, quando o teto era de 5,25%.
No entanto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não se animou muito com os números.
Durante um evento organizado pela XP em Washington, Campos Neto disse que a inflação no Brasil caiu, mas pressões permanecem em meio a um componente de demanda “relativamente forte”. Ele ainda lembrou que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro passado iniciou-se um processo de deterioração.
A fala sugere que eventuais cortes na Selic serão muito bem estudados pelo Banco Central e que a autoridade monetária pode esperar por mais dados econômicos para tomar sua decisão.
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Pressão no Banco Central
O que não faltam é pressão para que a taxa de juros seja reduzida. Em entrevista à CNN, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, falou que o governo está racionalizando os gastos e a Fazenda está fazendo o dever de casa com o arcabouço e a reforma tributária.
“Essas iniciativas e mais o cenário mundial vão convencer o Banco Central a reduzir a taxa de juro já no próximo Copom”, disse.
Já presidente do PT, Gleisi Hoffmann, questionou em seu Twitter “qual vai ser a desculpa” para o Banco Central não baixar os juros.
Com inflação em desaceleração, valorização do Real e a economia patinando pela falta de crédito e investimentos qual vai ser a desculpa agora do Banco Central pra não baixar os juros? Não tem mais como sustentar, Campos Neto.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) April 11, 2023
Inflação mais baixa, Selic mais baixa?
Enquanto o Banco Central pensa, o mercado já faz suas apostas. Uma pesquisa da Warren Rena com agentes do mercado aponta que a maioria acredita que o início do ciclo de queda da Selic começa em agosto. Desde agosto do ano passado, a Selic está sendo mantida em 13,75%.
Segundo o levantamento, 12,9% são mais otimistas e apostam em cortes já em junho. Já 31,6% e 25,2% projetam cortes entre agosto e setembro, respectivamente.
Tem também quem aposta em um ciclo de manutenção da taxa básica de juros mais longo, com 10,3% projetando as primeiras reduções em novembro e 3,9% em dezembro.
Por outro lado, tem um grupo de 16,1% que acredita que a Selic vai encerrar o ano sem alterações.
*Com informações da Reuters