Economia

Campos Neto lembra que inflação ainda não acabou; entenda por que os números do IPCA-15 enganam

25 maio 2023, 11:25 - atualizado em 25 maio 2023, 19:40
Campos Neto, inflação
A prévia da inflação, subiu 0,51% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,57% apurada em abril. Indicador acumulada alta em 12 meses de 4,07%. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que o processo de desinflação ainda vai demorar.

“Precisamos seguir adiante com paciência e serenidade, e achamos que o processo de desinflação ainda não acabou e precisamos garantir que faremos a inflação convergir para a meta”, disse em comentários gravados para o Global Emerging Markets Summit 2023, promovido pela Moody’s.

Apesar do aviso, Campos Neto precisa enfrentar números que mostram um cenário diferente – pelo menos por enquanto.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação, subiu 0,51% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,57% apurada em abril. O resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,61%.

Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula alta de 3,12% nos primeiros cinco meses do ano. Com isso, o indicador acumulada alta em 12 meses de +4,07%, de +4,16% no mês anterior. O resultado também ficou abaixo da mediana projetada, de +4,07%.

A inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%, pelo segundo mês consecutivo.

Inflação escondida

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, destaca que, qualitativamente falando, a composição da inflação veio melhor.

“Por um lado, a dispersão, que mede a porcentagem de itens do IPCA-15 com variação positiva, subiu de 63,2% para 64,3%. Por outro, tanto a pressão sobre os preços de serviços quanto a média dos núcleos, que vem sendo a lupa para o Banco Central, recuaram no mês”, afirma.

No entanto, ele lembra que o comportamento dos serviços e núcleos continua a demandar cautela.

E tem mais: em sua última ata, o Banco Central apontou que, para o segundo trimestre, é, sim, esperada uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses em função do efeito base do ano anterior.

Em maio e junho de 2022, o IPCA mensal se encontrava abaixo do 1% e isso vai influenciar nos números acumulados dos próximos meses. Já entre julho e setembro, o país registro deflação.

Por outro lado, o segundo semestre deve ser marcado por uma volta na alta dos preços.

“No segundo semestre, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador”, aponta o texto.

Além disso, as expectativas de inflação do Banco Central seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

* Com Reuters

Editora
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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