Economia

Campos Neto em maus lençóis? Entidades se posicionam contra fala de presidente do BC; entenda

15 ago 2023, 16:25 - atualizado em 15 ago 2023, 16:25
cartão de crédito
Campos Neto havia sinalizado restrições a modalidade de crédito e a associou à inadimplência (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve fala sobre o possível fim do rotativo do cartão de crédito recebida com rejeição por diversas entidades, como a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

Durante sessão no Senado na última semana, Campos Neto afirmou que estava em estudo proposta para extinção do rotativo, que conta com uma taxa de 454% ao ano, além de ter mencionado mudanças sobre o parcelamento sem juros.

Segundo ele, os clientes que não quitassem a fatura do cartão de crédito entrariam automaticamente em um parcelamento, com juros em torno de 9%.

No entanto, na sexta-feira (11), o presidente do BC afirmou não ter detalhes sobre medida que envolve o tema, ressaltando ter tomado um “puxão de orelha” após ter indicado a modalidade poderá ser extinta.

Posicionamento das entidades contra fala de Campos Neto

Além do “puxão de orelha”, diversas entidades se posicionaram sobre o tema. Confira.

Febraban

A Febraban afirma que não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito.

“A entidade participa de grupos multidisciplinares que analisam as causas dos juros praticados e alternativas para um redesenho do rotativo, de um lado, e, de outro, o aprimoramento do mecanismo de parcelamento de compras. Portanto, nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia”, disse em nota.

A Federação defende ainda que o cartão de crédito deve ser mantido como relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias.

FecomercioSP

A FecomercioSP também se posicionou de forma contrária ao fim do parcelamento sem juros como forma lidar com as elevadas taxas do rotativo do cartão de crédito.

De acordo com a entidade — que lidera empresas do comércio, serviços e turismo no Estado de São Paulo —, a medida não serve como antídoto para o problema e pode prejudicar milhares de negócios, em especial os micro e pequenos.

A Federação listou uma série de propostas e, entre elas, sugere um teto para o rotativo, a exemplo do que já ocorre com o cheque especial.

“A preocupação da FecomercioSP é que o limite, ou o impedimento, da utilização do parcelamento sem juros cause reverberações adversas na economia. O crédito, aliado ao emprego e à renda, é um dos pilares essenciais na determinação dos padrões de consumo da população”, diz em nota.

Abranet

A Associação Brasileira de Internet (Abranet) diz que a medida é prejudicial aos lojistas, aos consumidores e à economia do país.

Em nota, a Associação, que representa pequenos lojistas e consumidores, argumentou que a medida iria desaquecer ainda mais a economia.

“A Abranet considera que, além de fazer parte da cultura de consumo, o parcelamento sem juros é fruto da livre concorrência, e vê com preocupação a movimentação dos bancos, divulgada pela imprensa nacional, de criar regras para encarecer e dificultar o parcelamento sem juros no cartão de crédito”, disse.

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