Economia

Campos Neto e Galípolo vão unir forças e cravar Selic a 10,50%? Veja o que esperar do Copom desta semana

17 jun 2024, 18:22 - atualizado em 20 jun 2024, 10:23
selic juros copom banco central bc
Mercado aposta na manutenção da Selic no patamar de 10,50% na reunião do Copom desta semana (Imagem: Agência Brasil)

O mercado já não espera um novo corte na Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana — que acontece entre terça (18) e quarta-feira (19). Os bancos BTG Pactual, Itaú, Santander UBS BB atualizaram suas projeções e veem uma pausa no ciclo de flexibilização da política monetária.

Na opção de Copom — que reflete as expectativas para a taxa de juros —, a aposta também é de manutenção no quarto encontro do ano, com o contrato negociado a R$ 93. A redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), por sua vez, valia R$ 5,34.

O economista e estrategista Macro do BTG Pactual Portfolio Solutions, Álvaro Frasson, diz “não há outra boa condução para este momento que não seja a manutenção, dado que teve um estresse muito grande da última reunião para cá”.

“O câmbio depreciou, as expectativas [de inflação] continuaram desancorando e, fora isso, o tom e o sentimento da política fiscal também se deterioraram”, afirmou em entrevista ao Money Times.

Para Frasson, uma eventual unanimidade na decisão do Comitê é importante para a credibilidade do Banco Central (BC) e a ancoragem das expectativas. Na última reunião, cinco membros votaram em uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), enquanto os quatro demais optaram por um corte de 0,50 p.p.

Desde o último encontro, o presidente da autarquia, Campos Neto, tentou passar um tom de maior coesão do cenário e o diretor Gabriel Galípolo também se mostrou preocupado com a inflação. “Se isso for verdade, deveria ser refletir em uma decisão unânime, porque os próprios diretores admitiram que o dissenso gerou volatilidade. É papel agora do Banco Central reduzir essa incerteza”, afirma.

Em linha, o superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, Fernando Gonçalves, afirma que, quando a decisão não é unanime — especialmente em um momento de transição no comando, que possivelmente passará para alguns dos novos membros —, pode gerar interpretações diferentes.

“Quando os novos membros votam de um jeito e os mais antigos de outros, gera todo tipo de interpretação sobre a ênfase que cada um desses grupos dá para o combate à inflação”, salientou em entrevista à redação.

Gonçalves destaca ainda que o tom adotado pelo Comitê no comunicado será de extrema importância. “Não dá para ter um foco apenas na decisão. Se o Banco Central fizer uma comunicação bem sucedida, deve ajudar a estancar esse processo de desancoragem das expectativas”, afirma.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Qual é o próximo ciclo da política monetária?

O Relatório Focus indica que já não é esperado mais nenhum corte na Selic este ano. Segundo as projeções desta segunda-feira (17), a taxa deve encerrar o ano em 10,50%. Para 2025, a expectativa passou para 9,50% e, para 2026 e 2027, segue em 9%.

Frasson, do BTG Pactual Portfolio Solutions, afirma que a pausa no ciclo de flexibilização na reunião desta semana pode ser um “stop and go” — quando o Comitê opta por interromper o ciclo, observar e volta a cortar, quando o cenário melhorar. No entanto, o economista diz que não é o cenário base.

“Para isso acontecer, não basta a gente apenas não cortar agora e esperar o Federal Reserve começar a flexibilização. No meio do caminho, é preciso haver uma sinalização de que não haverá novos impulsos fiscais para o juro fazer efeito”, explica.

“Agora, se não tiver nenhuma sinalização, eu acho que de fato não há mais espaço para cortar os juros este ano”, pondera.

Gonçalves, do Itaú Unibanco, por sua vez, está convencido de que a Selic deve ficar no patamar dos 10,50% não só até o final de 2024, mas também até o ano que vem.

“Tecnicamente falando, é preciso manter os juros altos para tentar cumprir essa missão de trazer a inflação para a meta”, afirma.