Economia

Campos Neto diz que BC está tranquilo sobre câmbio

18 fev 2020, 20:38 - atualizado em 18 fev 2020, 20:38
Roberto Campos Neto
A declaração de Campos Neto foi feita em mais um dia de recordes do dólar (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasi)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, frisou nesta terça-feira que o câmbio no país é flutuante e que o BC está tranquilo sobre o tema, mas que a autoridade monetária pode fazer intervenções em caso de problemas de liquidez ou se for identificado movimento “exagerado” no mercado cambial.

A declaração de Campos Neto foi feita em mais um dia de recordes do dólar e na semana seguinte àquela em que o BC precisou intervir depois de um ano e meio via contratos de swaps cambiais para frear a desvalorização da taxa de câmbio.

Em reunião com a bancada do Democratas na Câmara dos Deputados, aberta à imprensa, Campos Neto também destacou que a desvalorização recente do real não veio acompanhada de uma deterioração em medidas de risco nem de uma piora na percepção sobre a inflação.

Segundo o presidente do BC, a taxa de câmbio se desvalorizou com a queda das commodities. “Por isso que não tem uma expectativa de inflação (maior)”, afirmou Campos Neto.

“Nós estamos tranquilos. Obviamente, sempre que identificarmos um movimento de falta de liquidez, um movimento exagerado ou que Brasil está se descolando dos seus pares ou que começou a influenciar a expectativa de inflação, aí o Banco Central pode fazer uma intervenção” como a feita recentemente, disse.

O BC vendeu um total de 2 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional em ofertas líquidas desses ativos entre quinta e sexta-feira da semana passada.

O dólar bateu novo recorde histórico nesta terça ao fechar a 4,3580 reais na venda. Em 2020, o real se deprecia 7,92% ante a divisa dos EUA (em termos nominais), pior desempenho numa lista de 33 pares. O índice CRB de matérias-primas cai 6,4% neste ano.

Campos Neto reiterou que também contribuiu para a alta do dólar no país uma maior demanda por moeda no mercado à vista gerada por um movimento das empresas de, em meio à queda dos juros, passarem a se endividar mais no mercado doméstico e pré-pagarem dívidas no mercado externo.

“Aliado a isso, você teve o dólar (no mundo), que se fortaleceu”, afirmou o presidente do BC, destacando que a expectativa de crescimento dos Estados Unidos é maior do que a do restante do mundo.

“Então o diferencial de juros, o diferencial de expectativa de crescimento entre EUA e outros países aumentou, isso faz com que dólar fique mais forte”, afirmou.

Um índice de referência do dólar contra moedas de países ricos acumula alta de 3,2% neste ano e alcançou nesta terça máximas em quatro meses e meio.