Campos Neto diz que assimetria no balanço de riscos não significa orientação futura para Selic
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (28) que a assimetria no balanço de riscos da autarquia não significa guidance para a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação, o cenário global desafiador e o câmbio têm preocupado os diretores do BC desde a decisão de julho.
Com isso na mesa, as falas mais hawkish (duro) — especialmente de Gabriel Galípolo — nas últimas semanas fizeram com que a tese de aperto monetário ganhasse mais força. Diversas casas — como ASA Asset, XP Investimentos e BTG Pactual –, inclusive, já elevaram as projeções para os juros em 2024.
No entanto, na 25° Conferência anual do Santander, Campos Neto voltou a ressaltar que o Comitê prefere não dar orientação futura para a Selic, uma vez que não ainda tem uma decisão concreta para a reunião de setembro. “Achamos importante ter essa flexibilidade”, disse.
“Não ter guidance às vezes eleva um pouco a volatilidade, mas tem momentos que dar guidance tem valor negativo”, afirmou.
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O presidente ponderou ainda que, nesse cenário, as falas dos diretores têm maior peso, porque “cada entrevista de cada diretor, cada palavra, passa a ter mais efeito”, e reiterou que há um esforço para melhorar a comunicação.
“Entendemos que existe uma ansiedade no mercado neste momento e que o mercado tem prêmio de risco em relação à comunicação dada, que foi fruto de convergência da diretoria”, disse.
“A gente entende que precisa melhorar a comunicação, estamos fazendo esforço coletivo nesse sentido”, acrescentou.
Em relação à credibilidade do BC, Campos Neto afirmou que a melhor forma de conquistá-la é através de uma política monetária baseada em “framework técnico”.