Economia

Campos Neto descarta novas altas da Selic como cenário base do Banco Central

27 jun 2024, 15:00 - atualizado em 28 jun 2024, 9:03
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Campos Neto descarta novas altas da Selic como cenário base do Banco Central (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Possíveis novas altas da Selic não estão no cenário base do Banco Central (BC), afirmou Roberto Campos Neto em entrevista coletiva, após a divulgação do Relatório de Inflação nesta quinta-feira (27).

O presidente da autoridade monetária ressaltou que as comunicações recentes buscaram não apresentar nenhum guidance (orientação futura) para os juros. Ele destacou que o BC acompanha o cenário atual e segue “vigilante”.

No comunicado da semana passada e na ata de terça-feira (25), a autarquia já havia afirmado que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

Na coletiva, Campos Neto e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, foram questionados também sobre o cenário alternativo do BC, que leva em consideração uma Selic estável em 10,50% em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção de inflação para 2025 está em 3,1%.

Guillen não citou qual é a projeção no cenário alternativo para a inflação em 2026, mas ressaltou que o BC “está bem confortável” com os números dos cenários.

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Campos Neto vs. Lula

Campos Neto ainda respondeu perguntas sobre as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na entrevista de hoje. Ele afirmou que os pronunciamentos impactam negativamente preços de mercado e que o efeito desses movimentos pode dificultar a atuação do BC.

“O que se mostrou no passado recente — não é uma opinião minha, é uma constatação — quando a gente olha movimentos de mercado em tempo real com os pronunciamentos, você teve piora em algumas variáveis macroeconômicas, em alguns preços de mercado”, disse.

“Quando você aumenta o prêmio de risco, por qualquer razão, independente de qual razão seja, esse aumento de prêmio de risco, com volatilidade, obviamente faz com que o trabalho [do Banco Central] fique mais difícil ao longo do tempo”, complementou.

Campos Neto reiterou que os modelos usados pelo BC trabalham “muito fortemente” pelo canal das expectativas, que é influenciado pelo nível do prêmio de risco do país e que impacta a política monetária.

*Com informações da Reuters